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Vítor Gaspar confirma “puxão de orelhas” a Ricardo Salgado

Ricardo Salgado recebeu um “puxão de orelhas” de Vítor Gaspar por ter expressado dúvidas sobre a sustentabilidade da dívida portuguesa. “A minha intenção era a de – de forma enfática – comunicar desagrado pelo ocorrido e demonstrar a sua inconveniência e falta de oportunidade”.

Miguel Baltazar/Negócios
10 de Março de 2015 às 19:51

O antigo ministro das Finanças de Passos Coelho deu um "puxão de orelhas" a Ricardo Salgado pelo facto de o ex-presidente do BES ter "expressado dúvidas sobre a sustentabilidade da dívida portuguesa", reconhece Vítor Gaspar nas respostas às questões da comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES, confirmando um episódio revelado no livro "O Último Banqueiro".

"Ao abrir a reunião, a minha intenção era a de – de forma enfática – comunicar desagrado pelo ocorrido e demonstrar a sua inconveniência e falta de oportunidade", recorda o ex-ministro das Finanças.

"Concluí dizendo que estava convencido que se, por hipótese, eu expressasse dúvidas sobre a dívida do BES a reacção dos mercados e do público poderia não ser tão benigna", acrescenta. No entanto, Gaspar esclarece: "não me parece que possa ter usado as exactas palavras da frase que no livro se encontra entre aspas".

Em "O Último Banqueiro", é relatada uma reunião de Vítor Gaspar com os banqueiros, em que Ricardo Salgado se fez representar pelo seu então braço-direito Amílcar Morais Pires, onde o ministro das Finanças aproveita por criticar declarações recentes do banqueiro sobre a dívida portuguesa.

Salgado afirmou ter dúvidas sobre a sustentabilidade da dívida pública no início de Junho, poucas semanas depois de a República Portuguesa ter realizado um leilão de obrigações a 10 anos. De acordo com o livro, na reunião do início de Junho desse ano, Gaspar terá afirmado: "se eu fizesse declarações sobre a dívida do BES tinha muito a dizer".

Como explica o antigo ministro nas declarações à CPI, "no início de Junho é-me reportado que o Dr. Ricardo Salgado teria expressado dúvidas sobre a sustentabilidade da dívida portuguesa. Essas afirmações surpreenderam-me. Em minha opinião, eram infundadas. (…) O momento escolhido pelo Dr. Ricardo Salgado fora, em minha opinião, particularmente inoportuno", relata, justificando o "puxão de orelhas" ao antigo banqueiro.

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