Ana Jacinto: “Há empresas que têm de fechar alguns dias por falta de pessoas”
Com dificuldades na contratação, a hotelaria e restauração não viu aliviado o problema que há dois anos foi estimado em 40 mil pessoas em falta no setor.
Há dois anos, na sequência da pandemia, a Associação da Hotelaria, Restauração e similares de Portugal (AHRESP) calculou que existiam 40 mil trabalhadores em falta no setor. O estudo não foi repetido desde então, mas a secretária-geral afirma, em entrevista ao Negócios e à Antena 1, que o cenário não melhorou desde então. Há mesmo empresas que não conseguem funcionar nos horários previstos devido a falta de pessoal.
"Não fizemos mais nenhum estudo depois dessa avaliação, mas o que sabemos é que a situação não melhorou", explica Ana Jacinto, acrescentando que "há empresas que têm que fechar a dias de semana ou até aos fins de semana porque não têm trabalhadores. Há empresas que só dão almoços ou só dão jantares. E até há negócios que estão parados".
O problema tem sido atenuado pela contratação de trabalhadores imigrantes mas também aí há obstáculos: "As dificuldades que os empresários têm na contratação dos imigrantes não se resolveu", lamenta a secretária geral da associação. "A questão da inclusão dos imigrantes continua a ser um drama. Mas a verdade é que já temos cerca de 120 mil imigrantes a trabalhar só na restauração e no alojamento. Sem estes 120 mil imigrantes a situação seria bem pior. O maior problema que todos os dias as empresas nos relatam é o da falta de trabalhadores", diz.
A inclusão de trabalhadores imigrantes tem também de passar por medidas do lado das autarquias com ou sem apoio do Estado central. "Durante a pandemia, foram várias as autarquias que criaram apoios às rendas, de forma transversal. Não tinha a ver com a questão dos imigrantes, tinha a ver com apoio às rendas das famílias que estavam em dificuldades para pagá-las. Se o conseguiram fazer na altura da pandemia, também o podem fazer agora", argumenta. A AHRESP, recorda, tem uma proposta nesse sentido. "O que nós propusemos foi as autarquias conseguirem dar estes apoios, mas agora direcionados para os imigrantes".
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