Carneiro defende papel estratégico da TAP e alerta para riscos na privatização
O secretário-geral socialista confirmou ter enviado uma carta ao primeiro-ministro sobre o processo, garantindo que o PS fará "o escrutínio da forma como foi realizada a privatização" a partir da Assembleia da República.
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O secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, alertou esta segunda-feira para os riscos associados à privatização da TAP, defendendo o papel estratégico da companhia aérea e apelando à salvaguarda da identidade e operação em território nacional.
Durante uma visita à Cerci Flor da Vida, no complexo social e de saúde na Quinta das Rosas, na Azambuja, o dirigente socialista sublinhou que a TAP deve manter a sua função de 'hub' em Lisboa, assegurando ligações com as comunidades portuguesas, as regiões autónomas e os principais centros urbanos do país.
"A TAP tem de continuar a cumprir a sua função estratégica de ligação entre a Europa e os continentes americano, africano e asiático. Essa é também a função estratégica de Portugal no mundo", afirmou, acrescentando que a companhia deve preservar as atividades de manutenção e os efeitos positivos que gera na economia nacional.
O secretário-geral socialista confirmou ter enviado uma carta ao primeiro-ministro sobre o processo, como noticiou o Público, garantindo que o PS fará "o escrutínio da forma como foi realizada a privatização" a partir da Assembleia da República.
Questionado sobre preferências quanto ao comprador, respondeu que o processo deve decorrer "com normalidade, salvaguardando a integridade e isenção dos júris".
O socialista alertou ainda para a necessidade de garantir que o futuro comprador reembolse o Estado pelos 3.200 milhões de euros investidos durante a pandemia.
Sobre a legislação laboral e a possibilidade de uma greve geral de dois dias, o líder socialista recordou que desde agosto tem vindo a alertar para os pontos críticos das propostas em discussão.
"Desde agosto que temos chamado a atenção para a sensibilidade das propostas laborais. Fizemos esse trabalho com as centrais sindicais e os parceiros da concertação social", afirmou, recusando comentar diretamente a possibilidade de uma greve geral de dois dias, remetendo essa avaliação para os sindicatos.
Sobre as eleições presidenciais, José Luís Carneiro recusou-se a comentar o posicionamento ideológico do candidato apoiado pelo PS, António José Seguro, afirmando: "todos sabem qual é o posicionamento político e ideológico de alguém que foi secretário-geral do Partido Socialista".
"Nenhum de nós gosta de estar dentro de gavetas", acrescentou, recusando rótulos ideológicos.
A visita à Cerci flor da vida marcou o início de uma rota de três dias pelo distrito de Lisboa a diversas instituições de cariz social.
José Luís Carneiro destacou o investimento de sete milhões de euros que está a ser realizada na instituição para a construção de um novo complexo social e de saúde que visa aumentar a capacidade de resposta desta instituição às pessoas com deficiência e às suas famílias em toda a região.
"É um exemplo de políticas públicas concretas, com diagnóstico prévio e planeamento conjunto entre Governo, autarquia e instituições de solidariedade social", afirmou, sublinhando que a obra permitirá a criação de cerca de 200 postos de trabalho qualificados, com remunerações acima da média praticada no setor.
O socialista considerou a infraestrutura "estratégica" para a área metropolitana de Lisboa, destacando a resposta que dará a famílias com dificuldades graves, nomeadamente em áreas como o autismo.
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