Certificados ajudam contas dos CTT mas não evitam queda de 25,9% do lucro
Sofrendo na comparação com um período homólogo que tinha sido beneficiado pelas eleições de março de 2024, os lucros derraparam. As receitas cresceram até 288,5 milhões de euros e os serviços financeiros mais do que duplicaram.
Os CTT registaram um lucro líquido de 5,5 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, uma quebra de 25,9% em relação ao período homólogo. O resultado foi pressionado pelo efeito base das eleições que aconteceram a 10 de março de 2024, que deram algum fôlego às contas dos correios nacionais há um ano, e que este ano acontecem no segundo trimestre.
"No primeiro trimestre de 2025, os CTT obtiveram um resultado líquido consolidado atribuível a detentores de capital do grupo CTT de 5,5 milhões de euros, um valor que fica 1,9 milhões de euros abaixo do resultado do primeiro trimestre de 2024", indica a empresa liderada por João Bento em comunicado emitido à CMVM.
A empresa afirma que os custos e perdas financeiras ascenderam a 4,2 milhões de euros devido aos "custos relacionados com os benefícios pós-emprego e de longo prazo para os trabalhadores no valor de 1,5 milhões de euros", "despesas com juros de 1,5 milhões associadas a passivos de locações financeiras relativas à implementação de regras do IFRS" e ainda "juros de empréstimos bancários no montante de um milhão de euros".
Em sentido contrário, as receitas dos CTT cresceram 9,5% para 288,5 milhões de euros. Este valor significa um crescimento de 25,1 milhões em relação ao trimestre homólogo, impulsionado principalmente pelo crescimento dos serviços financeiros.
O relatório enviado ao mercado indica que o EBIT recorrente se situou em 20,2 milhões de euros, apontando um aumento de 19,5%, e com uma margem positiva de 7%. O resultado foi "influenciado pelo bom desempenho do Expresso e Encomendas (+24,5%) e os Serviços Financeiros (+125,9%)".
Corrida aos certificados puxa pelas receitas
As receitas dos serviços financeiros subiram até aos 12,5 milhões de euros nos primeiros três meses do ano, mais do que duplicando (+122,9%) face aos 5,6 milhões do mesmo período de 2024.
"Este crescimento deve-se principalmente devido ao bom desempenho dos certificados de dívida pública", indica a empresa, lembrando que 2024 "ficou marcado por uma revisão dos limites máximos de colocação por subscritor".
Só os certificados de aforro e do tesouro "registaram receitas de 8,5 milhões de euros" no primeiro trimestre, representando um aumento anual de 308,2% ou 6,4 milhões de euros. "No primeiro trimestre, as subscrições destes certificados totalizaram 1.692,8 milhões de euros, o que compara com os 294,8 milhões no primeiro trimestre de 2024", significando um acréscimo homólogo de 474,2%.
Relatório financeiro
"Num contexto de queda acentuada das taxas de depósitos a prazo, os certificados de aforro lideram em termos das melhores taxas de juro entre todos os investimentos de capital garantido", sustenta a empresa comandada por João Bento.
Os CTT evidenciam ainda a extensão da compra ao canal digital, classificando-a como um "movimento bem sucedido, que tem atraído este tipo de poupança". "Este canal já representa 7% do volume de operações de assinaturas e 2,5% do valor total de assinaturas, correspondendo a um montante superior a 42 milhões de euros".
Expresso e Encomendas continuam a crescer
O segmento de Expresso e Encomendas totalizaram 124,7 milhões de euros em receitas entre janeiro e março de 2025, significando um aumento de 23,3 milhões de euros ou 23%.
Os CTT alcancaram este montante "impulsionado pelo crescimento do tráfego de 34,7 milhões de encomendas", que significa um acréscimo homólogo de 15%.
"Em média, foram processados perto de 560 mil objetos por dia útil. Este desempenho robusto é impulsado pela adoção contínua dos hábitos de comércio eletrónico, pela crescente adesão a soluções de entregas rápidas e pela expansão e modernização da rede de distribuição".
A união dos negócios na Península Ibérica "têm sido o fator-chave para maximizar a eficiência e consolidar a posição dos CTT no mercado ibérico".
Banco com contributo positivo
O Banco CTT contribuiu de forma positiva para o resultado, tendo alcançado um rendimento operacional de 33,6 milhões de euros, mais 7,7% do que no período homólogo.
A margem financeira da instituição detida pelos Correios resistiu à redução dos juros do Banco Central Europeu, tendo crescido 4,6% para 25,2 milhões de euros. As comissões dispararam 18% para 7,8 milhões.
No final de março o banco tinha 688 mil contas à ordem, mais seis mil do que no final de 2024.
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