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Elevador da Glória: Cabo que unia as duas cabinas "cedeu"

O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários divulgou este sábado uma nota informativa sobre o descarrilamento, onde diz que plano de manutenção estava em dia.

O elevador da Glória descarrilou na quarta-feira.
O elevador da Glória descarrilou na quarta-feira. MIGUEL A.LOPES/ Lusa_EPA
06 de Setembro de 2025 às 20:13

O cabo que unia as duas cabinas do elevador da Glória "cedeu no seu ponto de fixação" da carruagem que descarrilou, revelou este sábado o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF).

"Do estudo feito aos destroços no local, foi de imediato constatado que o cabo que unia as duas cabinas cedeu no seu ponto de fixação dentro do trambolho [peça de encaixe] superior da cabina n.º 1 (aquela que iniciou a viagem no cimo da Calçada da Glória)", refere a nota informativa (NI) deste organismo, publicada este sábado.

Segundo a investigação "o restante cabo" e todo o sistema, como "o volante de inversão e as polias onde este desenvolve o seu trajeto, encontravam-se lubrificadas e sem anomalias aparentes", acrescentando que "o cabo no trambolho superior da cabina n.º 2 [que estava junto à Praça dos Restauradores] encontrava-se também sem anomalias aparentes".

A NI refere que o cabo utilizado é constituído por seis cordões de 36 arames de aço com alma em fibra, com um diâmetro total nominal de 32 milímetros (mm) e uma carga de rotura aproximadamente de 68 toneladas, sendo este tipo de cabo usado neste ascensor há cerca de seis anos.

"Tem fixada uma vida útil de 600 dias para este uso e aquele existente no momento do acidente havia sido instalado há 337 dias, tendo ainda uma vida útil de 263 dias até à sua substituição. É considerado pela entidade operadora do sistema que a vida útil definida para o cabo tem um coeficiente de segurança significativo", explica o GPIAAF.

Quanto à manutenção e conservação do sistema do ascensor da Glória, a investigação refere que "está contratualizada pela entidade operadora [Carris] a uma empresa externa de prestação de serviços especializada, cujos termos do contrato existente definem que compete à primeira o fornecimento dos cabos e à segunda a sua instalação sob a fiscalização da primeira".

O GPIAAF "constatou que o ascensor não está na alçada da supervisão do Instituto da Mobilidade e dos Transportes, I.P.", acrescentando que não detém, neste momento, "informação fidedigna e confirmada sobre qual é o enquadramento legal do ascensor da Glória nem qual é a entidade pública que tem a obrigação de supervisionar o funcionamento e segurança deste sistema de transporte público, além da intervenção de uma entidade acreditada".

Essa entidade, "por iniciativa da empresa concessionária e operadora, inspeciona o equipamento aquando das grandes reparações a cada quatro anos", sublinha este organismo.

Plano de manutenção em dia

O plano de manutenção do elevador da Glória, em Lisboa, "estava em dia" e na manhã do acidente foi feita uma inspeção visual programada, que não detetou qualquer anomalia no cabo ou nos sistemas de travagem das duas carruagens.

Estas constatações estão na nota informativa do GPIAAF sobre o descarrilamento do elevador, na quarta-feira, causando 16 mortos e 22 feridos.

Segundo o GPIAAF, "o ascensor está sujeito a um plano de manutenção a cumprir pelo prestador de serviços, o qual prevê variados níveis de intervenção com periodicidades diferenciadas, de acordo com o âmbito e extensões das intervenções".

Estes níveis de intervenção vão, explica este organismo público, desde grandes revisões a cada quatro anos até inspeções visuais diárias rotineiras aos elementos de segurança visíveis, com diversas outras inspeções e intervenções com periodicidade intermédia.

"Segundo as evidências observadas até ao momento, o plano de manutenção previsto estava em dia e na manhã do dia do acidente havia sido realizada a inspeção visual programada, a qual não detetou qualquer anomalia no cabo e nos sistemas de frenagem dos veículos", revela a nota.

O GPIAAF acrescenta que "as evidências confirmam que o sistema de emergência existente no volante de inversão localizado no cimo da Calçada da Glória, para em caso de perda de força no cabo, proceder ao corte de energia às cabinas, funcionou como previsto, o que teria como efeito a aplicação imediata e automática do freio pneumático em cada uma delas".

"Neste momento ainda não foi possível proceder às verificações de confirmação de que o sistema de aplicação automática do freio pneumático nos veículos como resultado da perda da força do cabo no trambolho tenha ou não funcionado", adianta este organismo.

No entanto e independentemente disso, o GPIAAF sublinha que "as evidências indicam que o freio pneumático e também o freio manual foram rapidamente aplicados pelo guarda-freio da cabina n.º 1 [a que descarrilou]".

"Mas que na configuração existente, os freios não têm a capacidade suficiente para imobilizar as cabinas em movimento sem estas terem as suas massas em vazio mutuamente equilibradas através do cabo de ligação. Desta forma, não constitui um sistema redundante à falha dessa ligação", salienta a investigação.

O elevador da Glória é gerido pela Carris, liga os Restauradores ao Jardim de São Pedro de Alcântara, no Bairro Alto, num percurso de 276 metros e é muito procurado por turistas.

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