Quem é a Fortitude Capital e quais são os seus planos para o mercado português?
A Fortitude Capital foi constituída há dois meses e prepara-se para lançar um fundo de investimento oportunístico, que irá apostar em ativos desvalorizados devido à pandemia. Para além da banca, o novo fundo irá focar-se no setor imobiliário.
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Quem é a Fortitude Capital? É uma sociedade de capital de risco, constituída a 3 de setembro de 2021, de acordo com os registos que constam do Portal da Justiça. Será esta sociedade que irá gerir o fundo de capital de risco denominado Fortitude Portugal Special Situations Fund, cuja primeira operação de levantamento de capital deverá ocorrer em dezembro. Quem gere esta sociedade? A Fortitude Capital tem um conselho de administração, presidido por António Esteves, e que conta ainda com João Carlos Fonseca e Mário Vigário como vogais. O conselho fiscal é composto por Maria Luísa Marçal, António Vieira de Almeida, João Pereira de Vasconcelos e Pedro Santa Clara. As contas serão auditadas pela Deloitte. Qual será o foco desta sociedade? A Fortitude já tem um objetivo bem delineado: “Tirar proveito das oportunidades criadas pela covid-19”. Em concreto, esta sociedade irá procurar negócios em torno de “crédito oportunístico, situações especiais e ativos em dificuldades”. Na prática, isso significa que a sociedade irá procurar carteiras de crédito malparado e ativos que, por força da crise pandémica, apresentem preços de desconto face ao seu real valor. Quem são os alvos? Há quatro grandes grupos na mira da Fortitude: bancos, empresas não financeiras, programas de garantias públicas lançados pelo Governo e fundos europeus. No primeiro caso, a sociedade de capital de risco antecipa que haverá “uma nova onda de vendas de crédito malparado”, com o fim das moratórias, que obriga empresas — muitas das quais ainda em crise — a retomar o serviço normal de dívida. Já em relação às empresas, a expectativa é que haja uma necessidade de recapitalização e reestruturações, um cenário que irá abrir a porta à entrada de fundos de investimento no capital de várias empresas. Quanto aos ativos públicos, a Fortitude refere-se às linhas de crédito garantido pelo Estado, lançadas pelo Governo durante a pandemia para manter a liquidez das empresas. Ao todo, são mais de 10 mil milhões de euros já concedidos em garantias, que podem, ou não, vir a ser executadas. A serem, são quantias significativas que irão pesar sobre as contas do Estado, o que traz “boas oportunidades para fazer parcerias na reestruturação de algumas das empresas mais saudáveis”. Por último, no que diz respeito aos fundos europeus a Fortitude lembra que Portugal vai receber 61 mil milhões de euros até 2027. Parte deste montante está incluída no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que prevê investimentos estruturais nas áreas da transformação digital, transição climática e resiliência social, ao longo da próxima década. “Este programa representa oportunidades de investimento para o capital privado (não para a banca), já que o Governo e as empresas vão estar à procura de coinvestidores”, prevê a Fortitude. Quais são os setores em que irá apostar? Essencialmente, dois: imobiliário e banca. No caso da banca, os ativos mais apetecíveis são o Novo Banco e o BCP, que a Fortitude vê como instituições “perfeitas” para uma operação de fusão. Já no caso do imobiliário, há três áreas na mira: turismo, residências universitárias e residências seniores. Como exemplos de operações já realizadas nestas áreas, a Fortitude apresenta o caso de Vilamoura, vendida recentemente pelo Lone Star à Arrow; a SeniorHub, sociedade fundada este ano que gere residências seniores; e a UHub, que gere residências universitárias. Todos estes casos são geridos pela Atrium Investimentos, gestora de ativos financeiros que tem como administradores dois dos membros do conselho de administração da Fortitude. Quanto irá investir? O objetivo da Fortitude é obter um capital mínimo de 250 milhões de euros e máximo de 500 milhões.
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