O primeiro-ministro José Sócrates encarregou, há duas semanas, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Diogo Freitas do Amaral, de desencadear diligências diplomáticas com vista a passar a mensagem de desagrado ao primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, quanto às posições assumidas pela Eni nas negociações com o Governo português.

Segundo uma notícia do «Semanário Económico», em causa está o impasse negocial com vista ao rearranjo accionista da GalpEnergia, com o Governo português a admitir a via litigiosa face às novas pretensões dos italianos de partilharem com um grupo privado português o controlo de gestão da holding nacional de petróleo e gás.

A intervenção de Berlusconi no processo é vista como a última possibilidade para os accionistas italianos da Galp e o Governo português chegarem a um acordo.

" Os contactos diplomáticos foram iniciados na semana da discussão do Orçamento de Estado (7 a 11 de Novembro)", revelou ao "Semanário Económico" fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), adiantando que estes foram efectuados a dois níveis: um primeiro contacto através do embaixador de Itália em Portugal, Emilio Barbarani, a quem terá sido manifestada a preocupação do Executivo português pela voz do Director-Geral de Política Externa, o embaixador Fernandes Pereira.

O segundo contacto foi feito através do embaixador de Portugal, em Roma, Vasco Valente, a quem o MNE encarregou de fazer chegar ao gabinete de Silvio Berlusconi o desagrado português quanto às posições assumidas pela Eni em todo o processo negocial.