Dourogás vende negócio de gás para veículos à Iberis por 30 milhões

A venda da subsidiária da Dourogás dedicada ao gás natural veicular (alternativa à gasolina e gasóleo) prende-se com o facto de a Dourogás querer agora focar-se mais no setor do biometano.
A Dourogás tem uma rede de abastecimento de GNV com 12 postos espalhados pelo país.
DR
Bárbara Silva 09 de Julho de 2025 às 12:26

O grupo português Dourogás anunciou esta quarta-feira a venda do seu negócio de gás natural veicular (GNV) - a Dourogás GNV -, à Iberis Capital, uma gestora de "private equity" e capital de risco, que com este negócio passa agora a ser dona da maioria do capital da empresa. De acordo com a Dourogás, a operação superou os 30 milhões de euros e "vai permitir acelerar a expansão do portefólio de clientes da empresa e a entrada em novos segmentos de mercado", refere a empresa em comunicado. 

A operação, agora concluída, tinha já sido autorizada pela Autoridade da Concorrência. Em maio, o  avançou o acordo alcançado entre a Iberis e a Dourogás para a compra de duas empresas do grupo. 

PUB

O investimento, liderado pela Iberis Capital, foi realizado em conjunto com a Mello RDC e com a equipa de gestão, ambos como acionistas minoritários. A equipa de gestão mantém-se na empresa e também investiu no negócio. Fundada em 2017, a Iberis conta com mais de 600 milhões de euros de ativos sob gestão e uma base de mais de 1.250 investidores.

A venda da subsidiária da Dourogás dedicada ao gás natural veicular (combustível fóssil, que surgiu no passado como alternativa à gasolina e ao gasóleo para o setor automóvel) prende-se com o facto de a Dourogás querer agora focar-se mais no setor do biometano (gás de origem renovável). “Já temos a solução de energia alternativa aos tradicionais combustíveis fósseis considerada mais sustentável do mercado, no segmento de transporte pesado de mercadorias e passageiros”, assegura Pedro Oliveira, CEO da Dourogás GNV.

Segundo o responsável, em 2024, o biometano representou mais de metade das vendas de combustível da empresa, muito acima da meta legal para os biocombustíveis (13%). "Agora o objetivo é acelerar a incorporação de biometano no total da energia vendida aos nossos clientes e expandir a rede de postos de abastecimento”, adianta Pedro Oliveira.

PUB

Por seu lado, Diogo Chalbert Santos, partner da Iberis, sublinhou o “enorme valor acrescentado desta unidade de negócio da Dourogás". "A empresa desenvolveu um modelo operacional para substituir o gás natural por biometano, que é um gás 100% renovável. Isto permite mover veículos pesados, por exemplo autocarros para o transporte público de passageiros, de uma forma completamente sustentável”, explica.

Nuno Moreira, CEO da Dourogás, acrescentou ainda que o grupo está focado sobretudo na "descarbonização dos consumos industriais de gás natural e em projetos de produção de gases renováveis”. Sobre a venda, referiu que "a operação com a Iberis Capital permitirá, por um lado, a expansão ambicionada para Dourogás GNV, e por outro, a continuação do trabalho em soluções para o setor energético".

Desde 2012 que a Dourogás GNV comercializa gás natural e biometano destinados à mobilidade em Portugal. Atualmente, a empresa conta com uma rede de 12 postos de abastecimento distribuídos por todo o país. 

PUB

Em 2023, a Dourogás foi a primeira empresa a importar biometano (1 GWh) para injetar na rede de gás, tendo este gás renovável entrado no país através da interligação com Espanha. Já nessa altura o CEO dava conta da ambição de ter toda a sua operação na área da mobilidade (autocarros e camiões) com 100% de gás renovável. A meta foi alcançada em 2025, com Nuno Moreira a confirmar ao Jornal Económico que “este ano já só estamos a vender biometano na nossa rede”. Além disso, a empresa está a apostar também no hidrogénio verde, com oito projetos em desenvolvimento, que representam um investimento de 135 milhões de euros.

Em 2024, a Dourogás foi a única empresa que concorreu - no biometano - ao primeiro leilão no valor de 140 milhões de euros (a 10 anos) para a compra centralizada de gases renováveis realizado em Portugal. O procedimento fixou a compra de 150 GWh por ano de biometano e 120 GWh de hidrogénio produzido por eletrólise a partir de água, com recurso a eletricidade de fontes renováveis. De acordo com a DGEG, os preços base de licitação foram de 62 euros por MWh para o biometano e 127 euros por MWh para o hidrogénio verde. 

"No caso do biometano registou-se uma única candidatura da Dourogás Renovável, que assegurou a adjudicação de 1990 MWh por ano", disse a DGEG.

PUB
Pub
Pub
Pub