EDP prevê impacto positivo nas contas com descida do IRC e fim da taxa especial sobre novos investimentos até 2028
A EDP vê um enquadramento fiscal cada vez mais favorável em Portugal até 2028, com impacto positivo nas suas contas, beneficiando da descida da taxa de IRC e do fim da taxa especial sobre novos investimentos, segundo o plano estratégico apresentado esta quinta-feira.
Portugal passou de rating BBB em 2022 para A+ em 2025, com dívida pública abaixo de 100% do PIB e spreads próximos dos mínimos da última década, destacou o CFO da EDP. “O Governo já aprovou que, durante estes anos até 2028, haverá uma redução na taxa de imposto sobre o rendimento das empresas, o que tem um impacto positivo nos nossos resultados”, afirmou Rui Teixeira, Chief Financial Officer da elétrica.
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Além disso, a empresa antecipa um efeito adicional com o fim da taxa especial aplicável a novos investimentos, já incluído no Orçamento do Estado para 2026. “Não queremos ter essa pressão nos nossos livros”, sublinhou o responsável financeiro, acrescentando que a EDP espera ainda “um julgamento positivo” sobre o adicional ao longo do período, permitindo uma carga fiscal mais leve no final da década.
O executivo realçou que a melhoria das contas públicas e o reforço da credibilidade financeira do país criam condições estáveis para o investimento. “Portugal está hoje numa posição muito sólida, com rendimentos da dívida em mínimos e um sistema elétrico sustentável, com tarifas 25% abaixo da média europeia”, referiu.
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A EDP vai investir cerca de 12 mil milhões de euros entre 2026 e 2028, menos de metade dos 25 mil milhões de euros previstos no plano anterior (2023-2026) , centrando o foco nas energias renováveis e nas redes elétricas, segundo o novo plano de negócios hoje apresentado, sinalizando um novo ciclo mais seletivo, orientado para projetos de maior rentabilidade, geração de caixa e redução de risco.
Do total, 7,5 mil milhões de euros serão aplicados na EDP Renováveis (EDPR) — em projetos eólicos, solares e de armazenamento de energia (BESS) —, com cerca de 60% do investimento concentrado nos Estados Unidos. As redes de eletricidade absorverão 3,6 mil milhões de euros, dois terços na Península Ibérica, com prioridade à modernização de infraestruturas, digitalização, e reforço da fiabilidade e resiliência do sistema.
Segundo o CEO, Miguel Stilwell d’Andrade, a EDP “entra numa nova fase com maior previsibilidade, retornos mais robustos e uma estrutura financeira mais sólida”, preparando-se para “um período prolongado de crescimento impulsionado pela eletrificação do consumo e pela digitalização da energia”.
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O grupo prevê ainda desinvestimentos de cerca de 1 mil milhão de euros e rotações de ativos de 5 mil milhões, sobretudo na área das renováveis, para financiar novos projetos e cristalizar valor. A EDP estima um EBITDA de 5,2 mil milhões de euros em 2028, um crescimento de 6% face a 2025, e lucros líquidos de 1,3 mil milhões de euros, mais 8% do que no final do ciclo anterior.
A dívida líquida deverá recuar de 16 mil milhões de euros em 2025-2026 para 15 mil milhões em 2028, reforçando os rácios financeiros — com o FFO/Net Debt a subir para 22% — e garantindo a manutenção do rating “BBB”.
Em termos de rentabilidade, a EDP aponta para retornos entre 12% e 14% no conjunto das renováveis e redes, beneficiando de condições regulatórias mais favoráveis em Portugal e Espanha — onde os reguladores já sinalizaram subidas dos “returns” até +200 pontos base — e da extensão de concessões no Brasil por 30 anos, com uma taxa real de retorno superior a 8%.
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"O governo e os reguladores reconheceram que precisam de incentivar maiores retornos na distribuição, e temos perspetivas para isso nos próximos dois anos”, apontou o CEO da EDP aos analistas, na apresentação do novo plano de negócios.
A empresa mantém o dividendo mínimo em crescimento, fixando um “floor” de 0,21 euros por ação em 2028, e reforça o compromisso ESG: 100% do CAPEX será aplicado em renováveis e redes, com o objetivo de emissões líquidas nulas até 2040.
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