Há fornecedores da chinesa CALB "a considerar investir em Portugal", garante Pedro Reis

Sobre os incentivos para a empresa chinesa, o ministro da Economia explicou que este investimento se enquadra no regime europeu de incentivos à reindustrialização, o que permite um apoio até 35%". "Mas não quer dizer que lá vamos chegar", disse.
Há fornecedores da chinesa CALB "a considerar investir em Portugal", garante Pedro Reis
Bárbara Silva 24 de Fevereiro de 2025 às 16:31

O ministro da Economia, Pedro Reis, confirmou esta segunda-feira que o projeto da chinesa CALB para construir uma fábrica de baterias de lítio em Sines contará com o apoio de fundos europeus, mas não avançou qual será o valor final desses mesmos incentivos. "Este é um projeto de Portugal, uns começaram, outros entregam para o futuro. É como uma bateria de confiança", disse, traçando como objetivo o "agigantar da economia portuguesa".

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O governante foi o anfitrião do mega evento de lançamento da construção da gigafábrica que ocupará 92 hectares de terreno da Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS), que teve lugar no Técnico Innovation Center, em Lisboa, e contou com a presença da "chairwoman" da CALB, Liu Jingyu. Segundo o ministro, a CALB trouxe consigo ao evento vários dos seus fornecedores a nível mundial, "que estão também interessados em investir em Portugal.    

"Estamos numa corrida altamente competitiva pelo investimento externo. Hoje a chairwoman internacional da CALB transmitiu-me que estão cá, nesta mesma sala, fornecedores da empresa que estão a desenvolver produtos e soluções lá, e que estão a considerar vir a investir em Portugal", disse o ministro à margem do evento, sem revelar, no entanto, os nomes dos fornecedores. "Dizer mais do que isso, seria dar trunfos à nossa concorrência internacional".

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Do lado da comitiva chinesa, Sherry Wei, "general manager" da CALB Europe, garantiu que esta foi a primeira vez que a empresa chinesa organizou um evento desta magnitude no continente, agradecendo todo o apoio do Governo e entidades portuguesas. Já a responsável máxima da empresa a nível mundial, Liu Jingyu, garantiu que Portugal é o "hub ideal para distribuir baterias de lítio para o mercado europeu", com o "ambiente perfeito para a visão da CALB a longo prazo".

"Este é apenas o início de parceria com Portugal. Não estamos apenas a lançar um novo projeto no país, mas a começar uma viagem de intercâmbio e colaboração intercultural", garantiu. Neste momento a empresa é a terceira a nível mundial em capacidade instalada de baterias e acaba de ultrapassar um valor mensal de 10 GWh de entregas de encomendas.

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Sobre os futuros apoios a atribuir à CAB, Pedro Reis explicou que "este investimento enquadra-se no regime europeu de incentivos à reindustrialização e à aceleração da inovação e de novas competências técnicas, o que permite um apoio até 35%. Daí terem sido apontados apoios de 350 milhões, mas não quer dizer que vamos lá chegar". O ministro revelou ainda que o projeto de investimento da empresa chinesa em Portugal acaba de dar entrada na AICEP, precisamente para ter acesso a incentivos financeiros e fiscais.

"Agora ainda vai ser avaliado esse investimento, o que é elegível, e atribuiremos os incentivos que nos for permitido ancorar a esta unidade", disse por seu lado a administradora da AICEP, Madalena Oliveira e Silva. A avaliação demorará ainda alguns meses, disse a responsável, mas confirmou que "a contratualização tem que ocorrer ainda em 2025".

"Estes contratos de atribuição de incentivos levam algum tempo, porque temos que estudar e discutir bem tudo o que é elegível e que não é elegível, as representações de apoio, as intensidades de apoio, e só aí é que conseguimos ter uma proposta negocial acabada, que passe à contratualização", acrescentou ainda.

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Questionado sobre de onde virá o lítio e todos os componentes necessários para a produção de baterias na futura fábrica de Sines - que deverá entrar em operações em 2026 - Pedro Reis passou a bola à empresa. "Isto é um projeto da CALB. Cabe à empresa anunciar, mas certamente tem soluções que consideram a extração de lítio em Portugal e também de outras fontes", disse.

No entanto, para o ministro o mais importante é que "o projeto está vivo, e vai mesmo ver a luz do dia, seja qual for a fonte da matéria-prima". "Dos dois mil milhões de investimento estamos a falar de uma obra de 1.200 milhões e mais 800 milhões de equipamento", acrescentou Pedro Reis, sublinhando que

"a dimensão deste investimento é uma vitória isto, para Portugal, porque que atravessa o trabalho de vários governos e de várias administrações da AICEP".

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"São investimentos como este que agarram em Portugal toda a cadeia de valor, com a criação de 1.800 postos de trabalho diretos e que em velocidade cruzeiro vai produzir um volume de negócios de 1.600 milhões de euros, todo ele vocacionado para a exportação. Este é um daqueles "big bangs" de investimento que só acontecem de vez em quando e que ajudam a ir buscar muitos outros. Temos muitos concorrentes que lutaram por este investimento.", referiu o ministro.

Questionado sobre os jornalistas sobre quando poderá Portugal estar também a extrair e refinar lítio, para completar a cadeia de valor, Pedro Reis garantiu que o país quer ter "várias partes que possam funcionar isoladamente e ganhar força se estiveram todas juntas".

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