Portugal leva à COP30 “ambição e ação” pelo clima com foco na água e adaptação
Portugal inaugurou o seu pavilhão na COP30, em Belém do Pará, no Brasil, com uma mensagem centrada na ação, adaptação e cooperação. O país realçou a estratégia nacional “Água que Une”, um plano de resposta às alterações climáticas focado na resiliência hídrica, na eficiência e na gestão integrada dos recursos, num momento em que as secas e as cheias se tornam desafios cada vez mais recorrentes.
A cerimónia contou com a presença da ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, que definiu esta como “a COP da ação” e sublinhou o alinhamento de Portugal com a presidência brasileira. “Portugal é um dos primeiros países do mundo a definir a neutralidade carbónica e mais de dois terços da nossa eletricidade já é de origem renovável. Combinamos transição energética com transição justa — para as pessoas e para as empresas”, afirmou.
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O Pavilhão de Portugal, concebido pelo arquiteto Eduardo Souto de Moura, foi apresentado como um símbolo da ligação entre sustentabilidade, cultura e inovação. Construído com cortiça e linhas minimalistas, o espaço traduz a ideia de conciliar beleza e eficiência ambiental, e será palco de 47 eventos oficiais e paralelos ao longo da conferência, incluindo debates sobre energia, água, biodiversidade e economia circular.
A presidente da Agência para o Clima, Ana Teresa Pérez, sublinhou que o pavilhão “é a porta da implementação”, com o lema “Ambition and Action”, e reflete “a mobilização de entidades públicas, empresas, universidades e sociedade civil em torno de soluções concretas”.
“Queremos que este seja um espaço de debate inclusivo e de afirmação da língua portuguesa como veículo global de cooperação climática”, afirmou, acrescentando que 14 dos 47 eventos serão organizados por instituições públicas e os restantes 33 por organizações da sociedade civil.
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Entre os temas centrais da participação portuguesa está a Estratégia Nacional “Água que Une”, lançada em 2024, que a administradora das Águas de Portugal, Alexandra Serra, descreveu como “um novo paradigma de governação”. O plano inclui 234 medidas — algumas já em curso — para reduzir perdas nos sistemas urbanos e agrícolas, aumentar a reutilização de águas residuais, reforçar a monitorização e preparar as infraestruturas para fenómenos extremos.
“A estratégia tem uma ambição clara: agir rápido, agir bem e garantir resultados visíveis. É mais do que um documento — é uma nova forma de trabalhar em cooperação intersectorial”, afirmou Alexandra Serra, destacando que o modelo de implementação envolve várias entidades públicas e privadas.
O presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, José Pimenta Machado, chamou a atenção para a “redução de 30% da precipitação em Portugal nas últimas décadas” e para o aumento da irregularidade dos padrões climáticos. “Temos menos chuva e ela cai de forma mais concentrada. Isso significa secas no Sul e cheias no Norte. A prioridade é combater as perdas de água, diversificar fontes e dar espaço aos rios — literalmente — para evitar catástrofes”, disse.
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Segundo Pimenta Machado, o país está a aplicar novas soluções de engenharia natural, nomeadamente a abertura de leitos fluviais e a colocação de areia nas zonas costeiras para travar a erosão. “Estamos a perder território para o mar — o equivalente a 1.300 campos de futebol — e temos de agir rapidamente para proteger as populações e os ecossistemas”, afirmou.
O secretário de Estado do Ambiente, João Manuel Esteves, encerrou a cerimónia destacando que a estratégia da água “não é apenas para Portugal, é também um instrumento de cooperação internacional com outros países lusófonos”. Sublinhou que o objetivo é “melhorar a gestão e a partilha de boas práticas” num contexto global de crescente escassez de recursos.
“A água é um recurso único e vital. Não existe a água das cidades, da agricultura ou da indústria — existe uma só água, e temos de geri-la como bem comum”, afirmou.
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om a presença na COP30, Portugal procura afirmar o seu papel na transição energética e na adaptação climática, destacando a cooperação com países lusófonos e os mecanismos de financiamento verde já em curso, como o acordo com Cabo Verde para converter dívida em investimento ambiental.
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