Programa E-Lar pode agravar contas da luz em vez de gerar poupanças, alerta Deco
A promessa de poupança do Programa E-Lar pode transformar-se num encargo adicional para os consumidores. O alerta é da Deco Proteste, que aponta falhas estruturais no apoio do Governo e avisa que, em vez de reduzir, a fatura de energia de muitas famílias pode aumentar.
Um dos principais riscos está na substituição de esquentadores a gás por termoacumuladores elétricos, a única opção financiada para aquecimento de águas. De acordo com as contas da associação, esta troca pode representar um acréscimo superior a 360 euros por ano para um agregado com esquentador a gás natural. Já as bombas de calor, que permitiriam poupanças anuais na ordem dos 350 euros face a um esquentador a gás butano, ficam de fora do programa.
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A Deco Proteste sublinha que a eletrificação de mais equipamentos implicará frequentemente um aumento da potência contratada, o que se traduz em custos fixos mais elevados, além da necessidade de obras dispendiosas em instalações elétricas não preparadas para suportar essa carga – despesas que não são cobertas pelo apoio.
A organização de
defesa dos consumidores sublinha ainda que a concentração exclusiva em medidas
ativas (aquisição de equipamentos) pode perpetuar situações de vulnerabilidade
energética, em vez de as resolver.
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“Sem melhorias estruturais, como o isolamento térmico, existe o risco de as famílias verem as suas faturas aumentar, mesmo recorrendo a equipamentos eficientes”, alerta Mariana Ludovino, porta-voz da organização.
A associação critica também a falta de regras claras de segurança na substituição de equipamentos a gás e a limitação de escolha imposta aos consumidores: o regulamento sugere que o voucher só pode ser usado num único fornecedor, o que pode reduzir a concorrência e excluir famílias em zonas com menor cobertura territorial.
As candidaturas ao E-Lar arrancam a 30 de setembro, com as famílias mais vulneráveis a poderem receber até 1.683 euros para trocarem fogões, fornos e esquentadores a gás por equipamentos mais eficientes, incluindo transporte e instalação. A classe média poderá receber até 1.100 euros. No total, o programa quer chegar a 30 mil famílias.
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