Royal Dutch Shell corta dividendo pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial
A petrolífera Royal Dutch Shell anunciou que vai cortar o valor dos dividendos este ano, uma decisão que a empresa não tomava desde a Segunda Guerra Mundial.
A empresa vai reduzir em dois terços o valor do dividendo entregue aos acionistas, fixando-o em 16 cêntimos por ação. A Shell destacava-se dentro do índice britânico FTSE como a empresa que mais pagava aos investidores, assegurando receitas substanciais a milhões de fundos.
PUB
"É, claro, um dia difícil, mas por outro lado é também um momento inevitável", afirmou o CEO da Shell, Bem van Beurden, numa entrevista dada à Bloomberg TV. "Redefinimos o nosso dividendo para um nível que consideramos suportável" e que permite à empresa continuar a investir na transição energética, acrescentou.
A opção tomada por esta cotada ilustra o momento de grande abalo na economia mundial, em especial no setor petrolífero. A pandemia de covid-19 afundou a procura ao mesmo tempo que um desentendimento entre a Arábia Saudita e a Rússia ditou que o primeiro inundasse os mercados de petróleo, como forma de pressão ao segundo. Este conflito, por esta altura já ultrapassado, ditou que os maiores exportadores acabassem por cortar a produção a nível global, o que não foi suficiente para compensar as quebras na procura.
Já em abril, o petróleo chegou a exibir um preço mais barato do que o da água, num movimento inédito que pôs o barril em Nova Iorque a cotar em valores negativos – tocou mesmo nos -40 dólares. Desta vez, a "machadada" foi dada pela falta de espaço para armazenar a produção.
PUB
Esta quinta-feira, o barril de Brent, cotado em Londres, avança 9,27% para os 24,63 dólares enquanto o homólogo West Texas Intermediate, negociado em Nova Iorque, soma 13,61% para os 17,11 dólares. Ontem avançaram cerca de 10% e 22%, respetivamente.
As cotações da matéria-prima animam perante sinais de que está a arrancar uma recuperação do lado da procura, agora que os automóveis têm voltado a circular nas ruas da China. Na quarta-feira, a Administração de Informação de Energia mostrou um salto na procura e uma subida nos stocks norte-americanos abaixo do esperado.
Saber mais sobre...
Saber mais Royal Dutch Shell Segunda Shell Nova Iorque economia negócios e finanças energia petróleo e gás (extração) mercado e câmbios indústria e produtos químicosMais lidas
O Negócios recomenda