Fim do desconto no ISP agrava diferença de preço do combustível com Espanha, alerta Galp
O responsável apontou que a diferença de preços existente entre Portugal e Espanha ronda, atualmente, os oito a 10 cêntimos, dependendo dos combustíveis e considerou que, quando se pensa em receita fiscal, é preciso "pensar em todos ângulos dessa receita".
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A Galp alertou esta quinta-feira que acabar com descontos no ISP agravaria a diferença de preços dos combustíveis entre Portugal e Espanha, podendo o impacto de mais pessoas abastecerem no país vizinho ser maior que a receita da subida do imposto.
"Há uma malha de cerca de 50 km (quilómetros) em que as pessoas podem decidir ir abastecer ao país vizinho e aí a receita fiscal passa para Espanha, tenham atenção em todas essas medidas que só vão onerar, aumentar, ampliar a diferença de ISP que já existe entre Portugal e Espanha, a acrescentar ao IVA a 23%, em Espanha é 21%", alertou o co-presidente executivo (CEO) da Galp João Diogo Silva, em declarações à agência Lusa à margem da inauguração da primeira estação de serviço-conceito Galp Goody, na Autoestrada 5, em Oeiras.
O responsável apontou que a diferença de preços existente entre Portugal e Espanha ronda, atualmente, os oito a 10 cêntimos, dependendo dos combustíveis e considerou que, quando se pensa em receita fiscal, é preciso "pensar em todos ângulos dessa receita".
"Acho que o Governo é consciente desses impactos, que podem ser muito maiores do que a receita fiscal de uma subida de ISP", salientou.
O ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, admitiu esta semana "ajustamentos" no preço dos combustíveis, após uma carta da Comissão Europeia (CE) a instar o Governo a acabar com os descontos no Imposto sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos (ISP).
Ainda em matéria de fiscalidade, João Diogo Silva manifestou uma "preocupação muito grande" relativamente a produtos que entram em Portugal por via terrestre, nos quais não se aplicam todas as regras fiscais, lembrando que, em Espanha, foram aplicadas várias medidas que "defendem o Estado espanhol, com mais de 2.000 milhões de euros de rescaldo fiscal que não estava a ser recolhido".
"O Governo português está ciente disso, e nós temos trabalhado muito com o Governo nesse sentido e nós esperamos que essas medidas sejam agora aplicadas e aprovadas com o Orçamento do Estado", realçou o responsável.
João Diogo Silva lembrou que a Galp está a investir mais de 650 milhões de euros na refinaria de Sines, onde vai poder produzir combustível com base renovável -- HVO, combustível sustentável para aviação (SAF) e hidrogénio verde.
"Quando falamos de Governo e de política, temos de entender a importância que este tipo de investimentos têm para o nosso país, para o manter competitivo, para o manter sustentável e para lhe dar autonomia e segurança de abastecimento", destacou.
A Galp inaugurou hoje a sua primeira estação de serviço com o conceito Goody, que faz parte de um projeto de renovação de imagem e dos ativos previsto para 250 lojas, nos próximos anos, na Península Ibérica.
Está prevista a inauguração de mais uma em Lisboa provavelmente até ao final do ano e uma no Porto no início do próximo ano.
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