Concorrência refuta críticas e acusa Idealista de "falta de cooperação"
A desistência da compra da Portal47, dona da Kyero, por parte do portal de imobiliário Idealista continua a motivar uma troca de acusações com o regulador. O Idealista disse que a decisão da Autoridade da Concorrência (AdC) de avançar para uma segunda fase de investigação atrasou o processo e tornou a operação "inviável". Depois de uma primeira reação do regulador, o portal voltou a criticar a atuação da AdC. Agora, a Concorrência detalha os motivos porque o processo demorou e "desmonta" as críticas.
Numa nota a que o Negócio teve acesso, o regulador começa por dizer que "O Idealista apresentou inicialmente a operação em causa como uma mera aquisição de um player com uma quota negligenciável de mercado. No entanto, ao longo da sua investigação, a AdC pôde verificar que os vários participantes do mercado percecionavam a Kyero como uma empresa relevante, configurando até um dos principais concorrentes no segmento internacional de plataformas imobiliárias online".
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E, acrescenta, "o Idealista afirma que apresentou a notificação ad cautelam. Não obstante, e tal como o Idealista está ciente, qualquer operação que resulte numa quota de mercado superior a 50% deve ser notificada à AdC. Ora e tal como resultou da análise da investigação de primeira fase, o Idealista tem uma posição muito superior a tal patamar, pelo que qualquer acréscimo nessa posição teria de ser comunicada à AdC".
A Autoridade da Concorrência sublinha que o Idealista tem "uma posição de liderança de mercado muito destacada". E, perante este cenário, questionou diversas vezes o portal para recolher informações. "Diversas vezes, a AdC viu-se confrontada com respostas circulares e pouco claras do Idealista", frisa.
O regulador detalha que "as preocupações da AdC foram devidamente comunicadas ao Idealista, primeiro através de duas reuniões, em 23 de abril de 2025 e 5 de junho de 2025, com os representantes da mesma, e, depois, através da adoção de um projeto de decisão de passagem a investigação aprofundada, relativamente ao qual o Idealista exerceu o seu direito de contraditório".
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O regulador assinala ainda que desde que o processo entrou numa segunda fase "conduziu, num prazo curto, várias diligências de investigação – incluindo um inquérito a mais de 1.400 agências imobiliárias – de forma a confirmar ou informar as suas preocupações".
A Concorrência aponta ainda que caberia ao Idealista sugerir compromissos que resolvessem as "preocupações identificadas", os chamados "remédios", mas que "a única intervenção do Idealista a partir da segunda fase resumiu-se a um pedido de acesso ao processo, e, tendo o mesmo sido concedido em 25 de agosto de 2025, o Idealista nunca se pronunciou ou teve qualquer reação".
A AdC "não pode substituir uma falta de cooperação das empresas interessadas – e, no caso particular, o Idealista tinha o ónus de contribuir para a resolução das preocupações identificadas, com toda a transparência, pela AdC", remata o regulador.
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Por último, a Autoridade da Concorrência lembra que a sua homóloga espanhola [a CNMC] também identificou problemas suscetíveis de afetar a concorrência.
"A CNMC estaria a exigir compromissos que o Idealista considerou excessivos e, nessa medida, desistiu da operação de concentração em Espanha e Portugal", conclui.
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