Altri compra posição maioritária na suíça AeoniQ

O grupo português reforça aposta no setor das fibras têxteis sustentáveis. Acordo prevê que a primeira unidade industrial AeoniQ seja construída na fábrica de fibras da Altri em Constância em 2026.
Negócio permite à Altri diversificar as aplicações das suas fibras celulósicas.
Maria João Babo 01 de Julho de 2025 às 11:00

A Altri assinou um acordo para adquirir uma participação maioritária na AeoniQ, uma spin-off cleantech suíça da HeiQ Materials, anunciou esta terça-feira o grupo português em comunicado, salientando que o negócio – cujo valor não foi divulgado – é “um passo decisivo no setor dos têxteis sustentáveis”.

O investimento da Altri, incluindo um aumento de capital, permitirá desenvolver a capacidade de produção em escala comercial da AeoniQ, reforçando a sua visão estratégica de diversificação para aplicações celulósicas de alto valor e baixo impacto ambiental”, refere a empresa liderada por José Soares de Pina.

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A AeoniQ, explica, “desenvolveu o primeiro filamento celulósico biodegradável e com impacto climático positivo do mundo, projetado para substituir o poliéster e o nylon”, salientando que a sua plataforma “está preparada para transformar a indústria têxtil global ao oferecer uma alternativa totalmente circular e livre de plásticos que reproduz o desempenho das fibras sintéticas — sem os seus impactos ambientais”.

Como parte do acordo, diz ainda a Altri, a primeira unidade industrial AeoniQ do mundo será construída na fábrica de fibras na Caima, em Constância. A construção está prevista para ter início durante 2026 e terá uma capacidade inicial de 1.750 toneladas por ano. “Para além das linhas piloto já existentes na Áustria, será lançada uma unidade pré-industrial em Portugal no início de 2026 para acelerar os protótipos, parcerias com marcas e coleções cápsula”, acrescenta.

“A joint venture, com a marca “AeoniQ”, combina a experiência industrial da Altri com a competência tecnológica da HeiQ”, frisa o grupo português.

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A HeiQ foi fundada em 2005 como spin-off do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique. Tem sede na Suíça, uma equipa de 200 pessoas que opera em cinco continentes e já desenvolveu mais de 200 tecnologias patenteadas para os setores têxtil, cosmético, higiene, baterias, materiais de construção, entre outros.

Como explica a Altri, “o projeto beneficiará da integração vertical da fibra de eucalipto até ao fio acabado, prevendo-se posteriormente a incorporação de matérias-primas recicladas como resíduos têxteis de algodão, resíduos agrícolas e celulose bacteriana derivada de desperdício alimentar”.

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No comunicado, salienta que o produto “oferece elasticidade natural, suavidade, resistência e a capacidade única de ser texturizado — tornando-o adequado para tudo, desde lingerie e vestuário de trabalho a calçado, têxteis-lar, vestuário médico e interiores automóveis”.

O fio já foi utilizado em quatro coleções cápsula da Hugo Boss e na linha de roupa de cama “vegan silk” da Lameirinho, apresentada na Heimtextil 2025, sublinha.

A Altri diz ainda que a joint venture AeoniQ é apoiada por grandes players da cadeia de valor têxtil como a marca de moda alemã Hugo Boss e a MAS Holdings, a maior fabricante de vestuário técnico do Sul da Ásia, que “são co-investidores acionistas”.  Por seu lado, a Lycra Company adquiriu os direitos exclusivos de distribuição. Outros parceiros de desenvolvimento incluem, diz, a Riopele, Impetus, Lameirinho, Beste, Feinjersey, Taiana, Dolinschek, Aunde Group, Amman e Strahle + Hess.

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“Este acordo concretiza a estratégia da Altri de subir na cadeia de valor e investir em materiais de nova geração”, afirma José Soares de Pina, CEO da Altri, citado no comunicado.

Já Carlo Centonze, CEO da HeiQ, considera que o investimento da empresa portuguesa “transforma a AeoniQ de uma inovação comprovada no mercado numa plataforma de produção global em grande escala”.

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Para além de diversificar as suas operações, a Altri sublinha que a aquisição da AeoniQ está alinhada com a sua estratégia de aumentar a sua presença no setor das fibras têxteis sustentáveis.

A conclusão da aquisição está ainda sujeita ao cumprimento de condições precedentes, mas as empresas esperam que o processo esteja concluído durante a segunda metade deste ano.

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