Indústria têxtil pede “apoio e carinho” do Estado português

O patrão dos têxteis e do vestuário aconselhou o Governo a “apoiar a criação da riqueza antes da sua distribuição”, criticando a carga fiscal sobre as empresas, os custos da energia e a subida dos custos do trabalho.
mário jorge machado, atp
Paulo Duarte
António Larguesa 04 de Dezembro de 2019 às 17:43

O presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP) transmitiu esta quarta-feira, 4 de dezembro, ao ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, que "esta indústria é relevante para o país, devendo ser apoiada e acarinhada", nomeadamente "através de um entorno regulamentar amigo" e com expressão em várias áreas, da fiscalidade aos custos do trabalho.

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No fórum anual da indústria, marcado pelo cenário que antecipa a destruição de milhares de empresas e de empregos nos próximos cinco anos, Mário Jorge Machado exortou o Governo a "apoiar a criação da riqueza antes da sua distribuição". "Algo que o senhor ministro entende bem, mas que continua a resultar de difícil entendimento para alguns responsáveis políticos", criticou o líder da Adalberto Estampados.

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Os custos da energia e o acesso ao financiamento por parte das PME continuam na agenda dos industriais, que no tradicional "Discurso de Estado do Setor" descreveu um "ambiente não ‘friendly’" [amigável] para os negócios e para o investimento. O sucessor de Paulo Melo na liderança desta associação patronal notou que esse contexto "é difícil de alcançar com a atual carga fiscal para as empresas, a burocracia e um sistema fiscal lento e pouco confiável" e acabou a reclamar que "quem produz e exporta deve ser discriminado positivamente".

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No entanto, o destaque foi para "uma preocupação inesperada nos últimos anos", como se referiu aos sucessivos aumentos do salário mínimo nacional. O Governo aprovou no mês passado uma nova subida para 635 euros em 2020, sem acordo em concertação social, pretendendo atingir os 750 euros no final da legislatura, em 2023.

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"As empresas sempre se preocuparam em remunerar o melhor possível os seus trabalhadores, mas os salários devem estar ligados à inflação e à produtividade, sob pena de estarmos a condenar a competitividade a prazo", frisou Mário Jorge Machado, dramatizando mesmo que esta evolução "ameaça as empresas que competem à escala global e pode condená-las ao desaparecimento".

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Na resposta, em declarações à margem da conferência, onde também desvalorizou a potencial perda de milhares de empregos nesta indústria, o ministro da Economia respondeu que a subida salarial "é boa porque aspiramos a que as pessoas possam encontrar em Portugal trabalho à altura das suas qualificações e aspirações". E "ou conseguimos criar condições para fixar as novas gerações, ou não conseguiremos dar este salto de crescer em inovação e em valor".

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"O processo de elevação dos salários é bom para Portugal, cria mais exigência à economia e às nossas empresas. Do ponto de vista das políticas públicas, o que temos de assegurar é que as empresas têm condições para melhorar os níveis de produtividade, reduzindo custos de contexto, criando uma fiscalidade mais amiga do investimento e assegurando o acesso ao financiamento", concluiu Pedro Siza Vieira.

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