Industriais da carne estimam que prejuízos do apagão ascendam a 7 milhões de euros

APIC diz que apagão veio expor "a vulnerabilidade da indústria nacional face a perturbações energéticas", estimando os prejuízos das 58 maiores empresas do setor da carne entre 50.000 e 100.000 euros cada e de entre 10.000 e 20.000 no caso das PME.
Diana do Mar 30 de Abril de 2025 às 19:07

O apagão, registado na segunda-feira, teve um "impacto severo" no setor da carne, com a Associação Portuguesa dos Industriais de Carnes (APIC) a dar conta de que se estima que os prejuízos ascendam a sete milhões de euros.  

Em comunicado, enviado esta quarta-feira às redações, a APIC indica que, "apesar de ainda ser cedo para uma avaliação económica exaustiva, é já possível afirmar que o impacto foi severo, especialmente considerando a natureza altamente perecível dos produtos e a automatização das operações".

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"Estima-se que entre as 58 maiores empresas do setor os prejuízos ascendam a valores entre os 50.000 e os 100.000 euros por empresa e, no caso das 63 pequenas e médias empresas associadas, as perdas estimadas situam-se entre os 10.000 e os 20.000 euros por empresa. Na totalidade, estima-se que as perdas ascendam os sete milhões de euros no setor industrial das carnes", detalha.

Estas perdas decorrem de "as linhas de abate, que operam de forma contínua e automatizada, terem ficado paralisadas, resultando na rejeição de numerosas carcaças que se encontravam em linha, com números ainda por apurar", do facto de "a produção de enchidos ter ficado comprometida, bem como a fatiagem e embalagem das peças de carne e produtos cárneos, resultando em rejeições muito avultadas". Além disso, sublinha, "foi um dia em que as empresas tiveram de garantir o salário sem que houve produção e nem vendas e entregas".

A APIC acrescenta ainda que "a maioria das unidades industriais não dispunha de geradores próprios nem conseguiu alugar equipamentos compatíveis com as suas necessidades energéticas, dada a elevada potência exigida", chamando a atenção que "será necessário prolongar a semana de produção, prevendo-se abates fora dos dias habituais, com os consequentes encargos adicionais em horas extraordinárias". Nota, por fim, que "em muitos casos, não foi possível cumprir com as entregas aos clientes, resultando em penalizações contratuais".

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"Este episódio expõe de forma alarmante a perda de soberania de Portugal na produção de carne e a vulnerabilidade da indústria nacional face a perturbações energéticas. Lamentavelmente, não se prevê da parte da Administração Pública – nomeadamente da DGAV, ASAE e DGADR – uma atitude de colaboração ou apoio ao setor. Pelo contrário, assistimos frequentemente ao exercício de um controlo excessivo, desproporcionado e, em muitos casos, desprovido de bom senso, que coloca seriamente em causa a capacidade de investimento das empresas", afirma a APIC, na mesma nota.

Neste contexto, a APIC apela ao Governo para que "crie mecanismos de apoio financeiro específicos, que permitam às empresas adquirir geradores compatíveis com as suas necessidades" e que "impeça os fornecedores de energia de se eximirem à responsabilidade dos danos causados, uma vez que os prejuízos não são imputáveis às indústrias".

Isto ao mesmo tempo que o insta a promover "um diálogo mais equilibrado entre autoridades competentes e o setor produtivo, que permita reforçar a resiliência e competitividade de uma atividade essencial para o abastecimento alimentar nacional, impondo-se a soberania nacional alimentar".

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