Lucros da Altri sobem 30% para 117 milhões até setembro

A produtora de pasta de papel aumentou as receitas em 37,7% nos primeiros nove meses do ano, mas realça que a subida do preço do gás natural, dos químicos e da madeira  é o seu principal desafio em 2022. O investimento na Galiza será decidido até junho.
José Pina, Altri
Peter Spark
Maria João Babo 24 de Novembro de 2022 às 16:57

A Altri obteve nos primeiros nove meses deste ano um resultado líquido de 117,4 milhões de euros, o que significa um aumento de 29,9% face aos 90,4 milhões registados no mesmo período do ano passado.

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No entanto, só no terceiro trimestre os lucros foram de 47,7 milhões de euros, um crescimento de apenas 3,8% que a empresa explica com "a evolução negativa dos hedges cambiais com o dólar, registados em resultados financeiros, e o aumento da taxa de imposto efetiva no trimestre".

Em comunicado à CMVM, a Altri adianta que através da Caima, Celbi e Biotek produziu nos primeiros nove meses deste ano 852,1 mil toneladas de fibras celulósicas, menos 1,6% do que no período homólogo, "dada a paragem programada da Biotek em maio", tendo os mercados externos absorvido 86% do total. 

"O desempenho financeiro do grupo foi influenciado pelo volume de produção, pelas vendas, mas também pelos preços, afirma a produtora de pasta de papel na apresentação das contas.

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As receitas totais atingiram os 805,9 milhões de euros, um crescimento de 37,7% face aos primeiros nove meses de 2021. Só as do negócio da pasta fixaram-se em 667,8 milhões, mais 36,9% do que no mesmo período de 2021.

O EBITDA atingiu 223,4 milhões de euros no acumulado do ano, um aumento de 25,4% em termos homólogos. Só no terceiro trimestre o EBITDA ascendeu a 92,6 milhões, salientando a Altri no comunicado que "o EBITDA por tonelada de pasta atingiu os 338 euros, um nível recorde na história do grupo, mostrando o foco na eficiência e rentabilidade".

A margem de EBITDA fixou-se em 27,7% no final de setembro, 2,7 pontos percentuais abaixo do que a registada no mesmo período de 2021.

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"Apesar de um ambiente favorável de preços da pasta, o contexto inflacionista de vários custos variáveis limitou a evolução da margem", explica a Altri, salientando que "continua a assistir a um acréscimo relevante do preço de químicos, gás natural e madeira".

Até setembro o investimento do grupo mais do que duplicou, atingindo os 34,8 milhões de euros, o que compara com 16,8 milhões do período homólogo.

Ainda assim, a dívida líquida era no final de setembro de cerca de 358,9 milhões de euros, apenas ligeiramente acima dos 356,9 milhões registados no fim de junho. O rácio de dívida líquida/EBITDA  fixou-se em 1,3x.

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José Soares de Pina, CEO da Altri, salienta, na mensagem que acompanha a divulgação dos resultados, que os números foram alcançados "num ambiente desafiante, especificamente no que diz respeito à inflação dos vários custos variáveis", acrescentando que "aumentos significativos foram registados no preço do gás natural assim como nos químicos". Também o custo médio da madeira "foi mais elevado em grande parte refletindo o maior nível de importação", diz.

"Todos estes fatores estão a ter impacto no grupo Altri, levando a um acréscimo relevante nos custos de produção por tonelada. Ainda assim, estamos a conseguir, fruto do foco na eficiência das nossas operações, mais do que compensar esses encargos".

O nível baixo de dívida líquida, salienta José Soares de Pina, "permite manter a capacidade financeira para considerar as oportunidades da bioeconomia".

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Relativamente ao projeto para a nova unidade industrial para a produção de fibras têxteis sustentáveis na Galiza, o CEO diz pretender anunciar a decisão final de investimento na primeira metade do próximo ano. Sobre o projeto Gama, a Altri refere ainda que continua a avançar nos principais pilares para a tomada de decisão, nomeadamente no estudo de impacto ambiental, projeto de engenharia, viabilidade económica, estrutura de financiamento e acesso a fundos da União Europeia.

 

Além do contexto internacional de aumento da procura de pasta, a Altri faz notar que o nível de stocks nos portos europeus continua a valores bastante abaixo das médias dos últimos anos, "tendo chegado ao nível mais baixo dos últimos cinco anos no mês de julho de 2022", o que "impacta positivamente nos preços das fibras curtas (BHKP), que se mantiveram nos 1.380 dólares/tonelada" durante o terceiro trimestre.

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Em termos de perspetivas para o final do ano, o grupo  salienta que "um nível reduzido de stocks nos portos europeus aliado a uma procura sólida nos principais segmentos como o tissue são bons indicadores para o futuro próximo".

Do lado da oferta, frisa que "a logística global está num processo de normalização, mas ainda com alguma influência em muitas das cadeias de valor".

A Altri salienta que "a inflação generalizada dos custos variáveis foi o principal desafio em 2022 para o grupo", reafirmando que "o aumento do preço do gás natural, do preço dos químicos e do custo da madeira, em grande parte relacionado com a maior importação, têm sido os fatores principais para um acréscimo relevante nos custo de produção por tonelada".

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Quanto às soluções adotadas para minimizar este efeito, o grupo refere que iniciou "recentemente a implementação de algumas soluções, nomeadamente através da diminuição do consumo de gás natural ao usar produtos alternativos.

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