Portugal estreia em Milão solas inspiradas em aranhas, polvos e no coração humano

No final de 2010, a primeira campanha Portuguese Shoes chocava o ainda setor tradicional do calçado ao apresentar-se ao mundo como “a indústria mais sexy da Europa”.

Sexy e inovadora. Ainda esta semana, Portugal volta a destacar-se neste setor, com a apresentação, em estreia mundial, de uma nova geração de solas biomiméticas, na Lineapelle Fair, o maior evento internacional de acessórios da indústria do calçado que se encontra a decorrer, até quinta-feira, 25 de setembro, em Milão, Itália.

Inspirado na Natureza, o novo produto foi desenvolvido pelo Polo de Inovação em Engenharia de Polímeros (PIEP), centro de tecnologia e inovação localizado em Guimarães, em colaboração com a Atlanta Steps, fabricante de solas sediada na Lixa, e o Centro Tecnológico do Calçado de Portugal (CTCP).

“Inspiradas em formas da Natureza — nomeadamente nas estruturas do coração humano, da teia de aranha e das ventosas do polvo —, estas solas inovadoras unem design, funcionalidade e sustentabilidade, abrindo caminho para o futuro do calçado casual”, aponta o PIEP, em comunicado.

“Aprender com a Natureza para resolver desafios humanos já não é uma situação nova para os investigadores do PIEP e foi o ponto de partida para mais esta inovação, que alia ciência, tecnologia e sustentabilidade em benefício do utilizador e do ambiente”, enfatiza Bruno Pereira da Silva, diretor de “public affairs” e sustentabilidade do polo de inovação vimaranense.

O PIEP afiança que as solas biomiméticas “oferecem 22% menos peso, para maior leveza e conforto diário, enquanto permitem um incremento de 60% de absorção de energia, distribuindo melhor a pressão plantar e protegendo contra os impactos”.

Outra mais-valia diferenciadora é o facto de serem “fabricadas a partir de materiais mais sustentáveis, incorporando bio-TPU (poliuretano termoplástico produzido a partir de materiais de derivados de fontes biológicas renováveis), contribuindo para a redução de até 8% das emissões de CO2 e 6% na utilização de recursos fósseis”.

“A solução, que já se encontra em processo de patente internacional com o título “Sole structure for an article of footwear”, foi validada em ensaios certificados e cumpre a norma internacional ISO/TR 20880:2007 no que respeita à segurança e aderência”, assegura o PIEP.

Esta solução inovadora integra-se no BioShoes4All, a agenda mobilizadora do calçado, que é  considerado o maior projeto de sempre da história da indústria portuguesa do calçado, orçado em mais de 72 milhões de euros e financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).