Lucro da Altri recua 77% até junho com quebra do preço da pasta e das vendas
A produtora de pasta de papel justifica a quebra nos resultados do primeiro semestre para 14 milhões de euros com a redução dos preços médios de pasta e dos volumes de vendas, pelas “condições menos favoráveis no mercado global”.
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A Altri apurou um resultado líquido de 14 milhões de euros nos primeiros seis meses deste ano, o que representa uma quebra de 77,3% face aos 62 milhões que registou no mesmo período do ano passado, “afetado por um nível inferior de preços médios de pasta e de volumes de vendas, resultado das condições menos favoráveis que se sentiram no mercado global”, justifica.
Em comunicado à CMVM, o grupo adianta que neste primeiro semestre as receitas totais decresceram 19,4% para 373 milhões de euros, o que atribui a “uma evolução menos favorável dos preços de fibras hardwood assim como volumes vendidos inferiores, como consequência de uma procura global menos favorável”.
O EBITDA atingiu 57,6 milhões de euros nos primeiros seis meses, 53,5% abaixo do registado em junho de 2024. A margem EBITDA fixou-se nos 15,5%, o que se traduz numa redução de 11,3 pontos percentuais face ao período homólogo.
José Soares de Pina, CEO da Altri, explica na mensagem que acompanha a prestação de contas semestrais que a empresa, atuando num mercado global, “está sujeita a diversos impactos, nomeadamente geoestratégicos e políticos”.
“A política americana de imposição indiscriminada de tarifas provocou um arrefecimento imediato da procura global e de de-stocking nas várias cadeias de valor”, salienta, acrescentando acreditar “que a estabilização das tarifas a aplicar pelos Estados Unidos permitirá o regresso da dinâmica de procura e oferta ao mercado global que se ajustará à nova realidade”.
O CEO sublinha também que no início deste ano “assistimos a uma recuperação dos preços de fibras nos mercados internacionais, nomeadamente nos europeus e asiáticos, aqueles que são os mais representativos para a Altri”.
A produção de fibras, diz, “manteve-se a níveis elevados, apesar das paragens programadas de duas das suas unidades industriais, permitindo à empresa fazer uma gestão ativa dos stocks tendo em conta a realidade do mercado”.
Em termos estratégicos, José Soares de Pina sublinha os passos dados na concretização do plano estratégico com a aquisição da maioria do capital da AeoniQ. Já sobre o projeto Gama na Galiza diz apenas que “continua na sua tramitação ambiental e obtenção de licenciamento”.
No primeiro semestre, o volume de produção de fibras celulósicas atingiu 535,8 mil toneladas, um recuo de 3% face ao primeiro semestre de 2024. Já o volume total de vendas de fibras foi de 534,3 mil toneladas, ou seja, 7,1% inferior ao período homólogo. “As paragens programadas da Biotek e da Caima ocorreram durante o segundo trimestre de 2025, com impacto na redução de volumes produzidos no segmento de fibra solúvel”, explica.
Em termos de uso final, a Altri sublinha que o “tissue” continua a apresentar “níveis de procura sólidos, com um peso no total de volume de vendas de fibras de 47% no primeiro semestre”. “Com o aumento da produção de fibras solúveis na Biotek, deveremos continuar a ver uma tendência de crescimento deste segmento no peso total dos volumes vendidos, aponta o grupo, acrescentando que, em termos regionais, a Europa (incluindo Portugal) é responsável por 60% das vendas, seguida pelo Médio Oriente e Norte de África com 27%, sendo a Turquia o principal destino neste segmento geográfico. A Ásia, sendo o destino principal para a fibra solúvel, “tenderá a aumentar o seu peso”.
O investimento líquido total realizado pelo grupo no primeiro semestre foi de 20,9 milhões de euros, o que compara com 16 milhões de euros registados no período homólogo.
A dívida líquida da Altri atingiu 317,5 milhões de euros no final de junho, equivalendo a um rácio de dívida líquida/EBITDA de 2,1 vezes.
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