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Lucro da Altri recua 77% até junho com quebra do preço da pasta e das vendas

A produtora de pasta de papel justifica a quebra nos resultados do primeiro semestre para 14 milhões de euros com a redução dos preços médios de pasta e dos volumes de vendas, pelas “condições menos favoráveis no mercado global”.

Altri vai investir na fábrica de Constância para produzir fibras têxteis sustentáveis.
Altri vai investir na fábrica de Constância para produzir fibras têxteis sustentáveis.
24 de Julho de 2025 às 18:22

A Altri apurou um resultado líquido de 14 milhões de euros nos primeiros seis meses deste ano, o que representa uma quebra de 77,3% face aos 62 milhões que registou no mesmo período do ano passado, “afetado por um nível inferior de preços médios de pasta e de volumes de vendas, resultado das condições menos favoráveis que se sentiram no mercado global”, justifica.

Em comunicado à CMVM, o grupo adianta que neste primeiro semestre as receitas totais decresceram 19,4% para 373 milhões de euros, o que atribui a “uma evolução menos favorável dos preços de fibras hardwood assim como volumes vendidos inferiores, como consequência de uma procura global menos favorável”.

O EBITDA atingiu 57,6 milhões de euros nos primeiros seis meses, 53,5% abaixo do registado em junho de 2024. A margem EBITDA fixou-se nos 15,5%, o que se traduz numa redução de 11,3 pontos percentuais face ao período homólogo.

José Soares de Pina, CEO da Altri, explica na mensagem que acompanha a prestação de contas semestrais que a empresa, atuando num mercado global, “está sujeita a diversos impactos, nomeadamente geoestratégicos e políticos”.

“A política americana de imposição indiscriminada de tarifas provocou um arrefecimento imediato da procura global e de de-stocking nas várias cadeias de valor”, salienta, acrescentando acreditar “que a estabilização das tarifas a aplicar pelos Estados Unidos permitirá o regresso da dinâmica de procura e oferta ao mercado global que se ajustará à nova realidade”.

O CEO sublinha também que no início deste ano “assistimos a uma recuperação dos preços de fibras nos mercados internacionais, nomeadamente nos europeus e asiáticos, aqueles que são os mais representativos para a Altri”.

A produção de fibras, diz, “manteve-se a níveis elevados, apesar das paragens programadas de duas das suas unidades industriais, permitindo à empresa fazer uma gestão ativa dos stocks tendo em conta a realidade do mercado”.

Em termos estratégicos, José Soares de Pina sublinha os passos dados na concretização do plano estratégico com a aquisição da maioria do capital da AeoniQ. Já sobre o projeto Gama na Galiza diz apenas que “continua na sua tramitação ambiental e obtenção de licenciamento”.

No primeiro semestre, o volume de produção de fibras celulósicas atingiu 535,8 mil toneladas, um recuo de 3% face ao primeiro semestre de 2024. Já o volume total de vendas de fibras foi de 534,3 mil toneladas, ou seja, 7,1% inferior ao período homólogo. “As paragens programadas da Biotek e da Caima ocorreram durante o segundo trimestre de 2025, com impacto na redução de volumes produzidos no segmento de fibra solúvel”, explica.

Em termos de uso final, a Altri sublinha que o “tissue” continua a apresentar “níveis de procura sólidos, com um peso no total de volume de vendas de fibras de 47% no primeiro semestre”. “Com o aumento da produção de fibras solúveis na Biotek, deveremos continuar a ver uma tendência de crescimento deste segmento no peso total dos volumes vendidos, aponta o grupo, acrescentando que, em termos regionais, a Europa (incluindo Portugal) é responsável por 60% das vendas, seguida pelo Médio Oriente e Norte de África com 27%, sendo a Turquia o principal destino neste segmento geográfico. A Ásia, sendo o destino principal para a fibra solúvel, “tenderá a aumentar o seu peso”.

O investimento líquido total realizado pelo grupo no primeiro semestre foi de 20,9 milhões de euros, o que compara com 16 milhões de euros registados no período homólogo.

A dívida líquida da Altri atingiu 317,5 milhões de euros no final de junho, equivalendo a um rácio de dívida líquida/EBITDA de 2,1 vezes.

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