Lucros da Navigator sobem 4% para 287 milhões em 2024
A produtora de pasta e papel investiu 241 milhões de euros no ano passado, mais 29% do que em 2023, e diz que, apesar do contexto geopolítico adverso, "continua a antecipar o futuro com fortes investimentos em todas as áreas".
A The Navigator Company fechou 2024 com lucros de 287 milhões de euros, um aumento de 4% face a 2023. Em comunicado à CMVM, a produtora de pasta e papel adianta que o EBITDA atingiu 547 milhões, mais 9% do que no ano anterior, enquanto o volume de negócios registou um acréscimo de 7%, somando 2.088 milhões de euros.
A empresa faz notar que quer em vendas, quer EBITDA, quer no resultado líquido, "2024 marca o segundo melhor ano de sempre", mesmo "sem incluir o impacto das duas recentes aquisições na área de tissue, em Espanha e no Reino Unido".
A Navigator salienta, no documento, que "estes resultados foram alcançados num ano marcado por um contexto macroeconómico e geopolítico adverso e muito desafiante, com grande volatilidade nos mercados internacionais (financeiros, energéticos, logísticos e de matérias-primas)".
Apesar da volatilidade do preço da pasta de celulose nos mercados, a matéria-prima base de todos os seus produtos, o grupo refere que os resultados de 2024 "assentaram na eficiência da gestão do mix de negócios, numa estratégia comercial sólida, no controlo rigoroso de custos e na aposta contínua na inovação e sustentabilidade". A gestão eficiente, afirma, permitiu reduzir os "cash costs" entre 2% e 10% face a 2023, em todos os segmentos de pasta e papel.
A empresa garante ainda que "continua a antecipar o futuro com fortes investimentos em todas as áreas", depois de em 2024 o investimento do grupo ter aumentado 29%, face a 2023, para um total de 241 milhões de euros. Destes, cerca de 120 milhões de euros correspondem a investimentos classificados como ESG com retorno económico, acrescenta.
No comunicado, o grupo liderado por António Redondo salienta que, "apesar do esforço de tesouraria exigido pela aquisição da operação de tissue no Reino Unido, pelo aumento do investimento para 241 milhões de euros e pelo pagamento de 150 milhões de euros em dividendos, o rácio dívida líquida/EBITDA fixou-se em 1,13x". O endividamento líquido era no final de 2024 de 617 milhões de euros, mais 128 milhões face a 2023.
A Navigator avança que as vendas de papel de impressão e de embalagem aumentaram 8% face a 2023, enquanto o volume de venda em euros apresentou um crescimento de 3%.
Já o negócio do tissue "registou um crescimento significativo em 2024 com a aquisição da operação de 5 fábricas no Reino Unido no segundo trimestre", que se seguiu à integração da operação espanhola concretizada em 2023. O volume de vendas de tissue aumentou 55%, em volume e valor, face a 2023, com os mercados inglês e o espanhol a representarem já perto de dois terços do total de vendas.
No negócio de packaging, 2024 "confirmou as expectativas de regresso à normalidade", tendo o volume de vendas duplicado face ao ano anterior. Neste segmento, atualmente 70% das vendas são efetuadas na Europa, sobretudo para Itália, Ibéria, França e Alemanha. Os restantes 30% destinam-se a mercados externos, com destaque para a América Latina, Turquia e Norte África, refere.
Por seu lado, as vendas de pasta foram de 389 mil toneladas, o que
representa uma redução de 16% face a 2023. Ainda assim, "a melhoria nos preços médios de venda face ao ano anterior (de 13%) atenuou a quebra do valor das vendas de 5%", diz.
A Navigator refere ainda no comunicado que "está fortemente empenhada em novas vias de crescimento através da diversificação, com as quais pretende contribuir para uma sociedade mais descarbonizada". Nesse sentido, diz que a equipa do Raiz, o laboratório de I&D que detém maioritariamente, "continua a desenvolver novos bioprodutos e biomateriais, aprofundando oportunidades de negócio no domínio da bioeconomia, em particular nos óleos essenciais de eucalipto, nos biocompósitos, nos biocombustíveis e combustíveis sintéticos".
E adianta ainda, relativamente ao seu roteiro de descarbonização, que irá alcançar, já em 2026, os objetivos inicialmente previstos para 2029. "Nesse ano, as emissões serão cerca de 55% inferiores às de 2018, o ano de referência do roteiro", frisa.
A Navigator conta hoje com uma equipa de cerca de 4.000 colaboradores de 40 nacionalidades, 10 fábricas distribuídas por três países – Portugal, Espanha e Reino Unido – e um projeto florestal em Moçambique.
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