Portugal arrisca ser atingido nos despedimentos de 16 mil trabalhadores da Nestlé em todo o mundo
Em Portugal, onde está presente há mais de um século e conta com duas fábricas, a maior empresa de alimentos e bebidas do mundo tem ao serviço 2.800 trabalhadores.

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A Nestlé prevê dispensar, nos próximos dois anos, 16 mil trabalhadores em todo o mundo, no âmbito de um plano de reestruturação para poupar custos. E Portugal pode não estar imune, admite a dona de marcas de cereais como Nestum, Cerelac ou Chocapic, de cafés como Nescafé, Buondi ou Sical, de chocolates como o KitKat ou de alimentos para animais como a Purina.
"A redução da força de trabalho anunciada aplica-se a mercados e funções a nível global nos próximos dois anos. Terá um impacto diferente em cada mercado, sendo que cada mercado irá preparar o seu próprio plano", diz a Nestlé em Portugal, em resposta ao Negócios.
E, "nesta fase" - complementa - "não estamos em condições de fornecer números específicos relativamente a Portugal".
Presente em Portugal desde 1923, a Nestlé conta com duas fábricas (Porto e Avanca), um centro de distribuição e cinco delegações comerciais espalhadas pelo Continente e ilhas, que têm ao serviço um universo de 2.856 trabalhadores.
Em 2024, a Nestlé Portugal teve um volume de negócios de 733 milhões de euros, contra 711 milhões de euros em 2023.
A empresa, com sede em Linda-a-Velha, tem, desde 1 de fevereiro, uma nova CEO, a brasileira Rachel Muller, que sucedeu à suíça Anna Lenz, que, dois anos e meio depois de se ter tornado na primeira mulher a liderar a multinacional em Portugal foi nomeada responsável global de recursos humanos do grupo Nestlé e membro do conselho de administração.
O anúncio do corte de postos de trabalho em todo o mundo foi feito, esta quinta-feira, na apresentação de resultados do terceiro trimestre do ano durante o qual se verificou uma queda nas vendas de 1,9% para 71 mil milhões de euros, sem que tenha sido detalhado em que mercados vai impactar.
Nos primeiros nove meses de 2025, o crescimento das vendas da Nestlé foi de 3,3%, impulsionado por aumentos de preços de 2,8%.
"O mundo evolui e a Nestlé tem de se adaptar mais rapidamente", implicando "tomar decisões difíceis, mas necessárias, para reduzir os funcionários", afirmou o presidente da multinacional, o austro-suíço Philip Navratil, que assumiu o cargo no início de setembro.
O programa de redução de trabalhadores contempla a dispensa de aproximadamente 12 mil "profissionais de colarinho branco" em diversas funções e geografias, o que irá "permitir efetuar uma redução da despesa anual de mil milhões de francos suíços (cerca de 1,078 mil milhões de euros) até ao fim de 2027", o dobro do que estava previsto, segundo o comunicado do grupo helvético.
Àqueles 12 mil trabalhadores juntam-se outros quatro mil cuja extinção já estava em curso como forma de aumentar a produtividade nas cadeias de produção, armazenamento e distribuição.
A medida abrange 5,8% do universo de mão-de-obra da Nestlé em todo o mundo.
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