CMVM indefere fim da OPA à Media Capital e dá à Cofina 10 dias para esclarecer

A reguladora do mercado de capitais indeferiu o requerimento apresentado pela Cofina em que se solicita que se considere extinto o procedimento da OPA sobre a Media Capital e, subsidariamente, a sua revogação por alteração das circunstâncias. E dá 10 dias para a empresa liderada por Paulo Fernandes se pronunciar.
Alexandre Azevedo
Negócios 18 de Maio de 2020 às 18:44

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) indeferiu o requerimento da Cofina, apresentado a 24 de março, para que o regulador do mercado considerasse extinto o procedimento da OPA sobre a Media Capital "por impossibilidade definitiva de verificação de uma das condições de que dependia o respetivo lançamento e, subsidariamente, a revogação de tal oferta, por alteração das circunstâncias".

PUB

 

Em comunicado, a CMVM diz que a Cofina "foi notificada do projeto de decisão de indeferimento do requerimento para que, querendo, sobre ele se pronuncie no prazo de 10 dias úteis".

 

PUB

Deve, para isso, apresentar prova destinada a esclarecer os aspetos suscitados nesse projecto de decisão e que, no entendimento da CMVM, fundamentam a conclusão preliminar de que:

 

(i) Deverão ter-se por verificadas todas as condições a que se encontrava sujeito o lançamento da referida oferta pública de aquisição – nomeadamente em virtude da conclusão preliminar de que a conduta da Cofina contribuiu decisivamente para a não colocação de um número residual de ações no âmbito do referido aumento de capital;

PUB

 

(ii) Não é possível, em face dos elementos e fundamentação disponibilizados pelo requerente, considerar que a não concretização do negócio de compra da participação detida pela Promotora de Informaciones, S.A [Prisa]. decorreu da superveniência de circunstâncias que possam dar por preenchidos os requisitos de que depende a revogação da Oferta com fundamento no art. 128.º do Código dos Valores Mobiliários.

 

PUB

O grupo Cofina, proprietário do Negócios, Correio da Manhã, CMTV, Sábado e Record, tinha um acordo com a Prisa para a compra da dona da TVI, o qual acabou por abortar devido à não concretização da operação de aumento de capital que se destinava a financiar a oferta pública de aquisição (OPA) da Media Capital à Prisa. Nesta operação estava também envolvido o empresário Mário Ferreira, que entretanto comprou 30% da dona da TVI por 10,5 milhões de euros através da Pluris.

 

Os acionistas da Cofina tinham aprovado no final de janeiro o aumento de capital até 85 milhões de euros para financiar a compra da TVI. Na mesma altura, os acionistas da Prisa aprovaram a venda da Vertix, que detém a maioria da Media Capital, à Cofina, em assembleia-geral extraordinária.

PUB

 

Entretanto, a 11 de Março a Cofina informou que o número de ações subscritas não atingia o total de ações objeto da oferta pública, devido à "significativa deterioração das condições de mercado". A Cofina justificou a decisão de cancelar a operação com a "inesperada e muito significativa degradação da situação financeira e perspectivas da Vertix e da Media Capital, especialmente agravadas pelo presente contexto de emergência causado pela pandemia Covid-19, e no comportamento da Prisa, que incorreu em violações contratuais graves".

 

PUB

Em comunicado enviado à CMVM a 20 de março, a Cofina informou o mercado da resolução do contrato para a compra da dona da TVI. "A declaração de resolução funda-se, entre outros aspetos, numa inesperada e muito significativa degradação da situação financeira e perspetivas da Vertix e da Media Capital, especialmente agravadas pelo presente contexto de emergência causado pela pandemia Covid-19, e no comportamento da Prisa, que incorreu em violações contratuais graves e, por último, manifestou expressamente a intenção de não cumprir o Contrato, o que afetou irremediavelmente a relação de confiança entre as partes", justificou o grupo proprietário do Negócios.

Saber mais sobre...
Saber mais CMVM Vertix Cofina Media Capital OPA TVI Prisa
Pub
Pub
Pub