Análise: UMTS:«A procissão ainda agora vai no adro»

Os concursos de UMTS na Europa estão ao rubro. Governos e candidatos não se entendem. Por cá, os concorrentes apressam-se a divulgar pormenores das propostas. É que existem sete candidatos para...
Bárbara Leite 05 de Novembro de 2000 às 18:55

Os concursos de UMTS na Europa estão ao rubro. Governos e candidatos não se entendem. Por cá, os concorrentes apressam-se a divulgar pormenores das propostas. É que existem sete candidatos para apenas quatro licenças e ninguém quer ficar de fora. Na terceira geração móvel nacional, a «procissão ainda agora vai no adro».

Luís Nazaré, Luís Filipe Menezes, Maria Luísa Mendes, António Vassalo e Mário Freitas, os cinco membros da comissão de análise das candidaturas para o UMTS, estão numa azáfama para pontuar as sete candidaturas a apenas 23 dias da emissão do parecer a que se seguirá a homologação do Governo.

PUB

A terceira geração móvel em Portugal está a «enervar» os candidatos que se apressam a divulgar pormenores das suas candidaturas. Apesar dos rumores que circulam «retirarem» uma das licenças à Optimus, aos analistas contactados pelo Canal de Negócios restam poucas dúvidas. A TMN, a Telecel, a Optimus e a ONI Way deverão ser os vencedores do concurso. Mas, na terceira geração móvel nacional, «a procissão ainda agora vai no adro».

Optimus: Declarações de Belmiro podem pôr em causa a licença?

As declarações críticas em relação ao Orçamento de 2001 proferidas por Belmiro de Azevedo estão na base do surgimento de um rumor de que a Optimus poderia ficar de fora no rol dos vencedores do concurso, revelaram ao Canal de Negócios analistas contactados.

PUB

De acordo com as declarações de uma analista que preferiu não ser citada, «este rumor surgiu no seguimento das contestações de Belmiro de Azevedo em relação ao Governo, pelo que estas poderiam ter algum custo político, nomeadamente, a não atribuição de uma licença de UMTS. Mas, considero essa atitude do Governo de todo improvável. Os actuais três operadores de GSM e a ONI Way serão os favoritos neste concurso de UMTS».

«No mercado, surgiu a ideia de que a Optimus poderia estar à beira de não garantir uma licença de UMTS em Portugal, na sequência das declarações de Belmiro de Azevedo em relação ao Orçamento de 2001. Contudo, todo o processo de concessão de licenças, a própria escolha de modelo do concurso teve em conta a garantia de uma licença aos operadores com a sua capacidade já instalada. Não acredito que o Governo não conceda uma licença a uma empresa que investiu recentemente mais de 100 milhões de contos», revelou ao Canal de Negócios um analista do Banco Comercial Português Investimento (BCPI).

Factor-chave: Máxima cobertura da rede

PUB

Entre os cinco critérios para a avaliação das propostas, o primeiro, relativo à promoção do desenvolvimento e do acesso à sociedade da informação, contribui com 50% da ponderação global da grelha, tendo em vista a melhor relação entre a máxima cobertura da rede e o menor custo dos serviços.

A empresa liderada por António Casanova é ainda apontada como integrante do último lugar da lista dos concorrentes, no que diz respeito à população coberta pela nova tecnologia.

Segundo explicou ao Canal de Negócios fonte das relações exteriores da Optimus, «no primeiro ano, vamos cobrir cinco milhões de portugueses à velocidade de 384 Kb/s. A verdade é que é preciso analisar a nossa proposta com profundidade. Propomo-nos a cobrir 21% do território à velocidade de 384 Kb/s e 26% do território à velocidade de 144 Kb/s. No período de arranque (2001), prevemos cobrir todas as capitais de distrito, todas as cidades integrantes do programa POLIS e pólos universitários. No ano seguinte, à mesma velocidade, a cobertura de terreno aumentará para 34,9%».

PUB

Já na edição de ontem do jornal «Expresso», no que diz respeito à cobertura populacional, a Optimus é apontada como a última classificada entre os candidatos por se ter proposta a cobrir 26% dos portugueses com uma tecnologia de 144 Kb/s.

Também na instalação de antenas UMTS, a Optimus foi apontada como integrante do último lugar da tabela classificativa de atribuição das licenças. A sua proposta, em termos de instalação de antenas para tecnologia de UMTS, fica aquém das restantes propostas. Mas, como explicou ao Canal de Negócios fonte da Optimus, a cobertura proposta pela Optimus será conseguida «graças a, além da instalação de 886 antenas específicas para a tecnologia da terceira geração, do “up-grade” das actuais antenas já instaladas de tecnologia GSM e GPRS, pelo que número de antenas totalizará 3.086».

O «”up-grade” das antenas de GSM e GPRS é conseguido em aproximadamente quatro meses», acrescentou fonte da Optimus.

PUB

A proposta mais ambiciosa, em termos de cobertura populacional, pertence à ONI Way. Este consórcio liderado pela Electricidade de Portugal (EDP) prevê cobrir 90,5% da população em 2001 e 92,4%, no ano seguinte. Esta proposta tem sido criticada pelos restantes concorrentes que acreditam ser «irreal, uma vez que a ONI Way não se encontra a operar no mercado móvel nacional».

Esta cobertura da ONI Way será conseguida com a instalação, até ao arranque, de 2.911 antenas específicas para operar na tecnologia da terceira geração móvel.

Com uma velocidade de 144 Kb/s, a TMN, operadora móvel do Grupo Portugal Telecom, propõe-se a cobrir 51% dos portugueses no arranque da actividade em Dezembro de 2001, alargando essa cobertura para 77% no quinto ano de actividade de UMTS.

PUB

No arranque, a cobertura será conseguida através da instalação de 1.166 antenas específicas para o UMTS.

New Page 1

Consórcios Cobertura em 2001 Antenas UMTS 2001
TMN 51% 1.166
Optimus 26% 886
Telecel 85% 1.570
ONI Way 90,5% 2.911
Leadcom 60% 1.700
Tintancon 85% 1.380
Mobijazz 51% 1.175

A Optimus refere a cobertura do território

Os restantes consórcios utilizam a cobertura da população

A Optimus refere a cobertura do território

PUB

Os restantes consórcios utilizam a cobertura da população

A Optimus refere a cobertura do território

Os restantes consórcios utilizam a cobertura da população

PUB

Factor-chave: o menor custo dos serviços

O principal critério de avaliação das candidaturas tem em vista a melhor relação entre a máxima cobertura da rede e o menor custo dos serviços.

Posto isto, os concorrentes desdobraram-se em ofertas para promover o acesso e a info-inclusão da população nacional, além da oferta de condições especiais para cidadãos de baixos rendimentos e necessidades específicas, bem como a instituições de comprovada valia social.

PUB

Alguns concorrentes optaram por apresentar pacotes de preços em sistema de tarifa única («flat rate») de acesso ilimitado à Internet e voz, ofertas de minutos a determinados segmentos da sociedade, criação de fundações, subsidiação dos terminais, acções de formação da população para aprendizagem de utilização de terminais, entre outros.

New Page 2

Consórcios «Flat rate» mensal mais baixo
Optimus 1.000 escudos*
ONI Way 1.500 escudos
Mobijazz 1.800 escudos

*Para classes sociais desfavorecidas

Os restantes consórcios não divulgaram ainda o tarifário

Investimentos globais no UMTS oscilam entre 1,99 e 3,74 mil milhões de euros

*Para classes sociais desfavorecidas

PUB

Os restantes consórcios não divulgaram ainda o tarifário

Os sete candidatos apresentaram propostas de investimento globais no intervalo entre 1,99 e 3,74 mil milhões de euros (400 e 750 milhões de contos). A maior parte deste investimento, segundo afirmaram os candidatos, será aplicado em infra-estrutura de rede.

A operadora móvel da PT avançou com um investimento global previsto na ordem dos 3,14 mil milhões de euros (630 milhões de contos), enquanto a Optimus prevê investir um valor de 3,74 milhões de euros (750 milhões de contos) para operacionalidade dos serviços de terceira geração móvel.

PUB

As duas operadoras nacionais já anunciaram que o financiamento dos investimentos no UMTS será suportado pela realização de aumentos de capital.

A empresa liderada por António Carrapatoso, «apesar de não ter revelado o investimento global implícito com a garantia da licença, avançou com um investimento de 1,99 mil milhões de euros (400 milhões de contos), na infra-estrutura de rede, confirmando que este representaria 80% do investimento global, pelo que o investimento global da Telecel deverá rondar os 2,5 mil milhões de euros (500 milhões de contos)», referiu ao Canal de Negócios, um analista contactado.

Os investimentos da ONI Way totalizam 2,613 mil milhões de euros (524 milhões de contos).

PUB

New Page 3

Consórcios Investimentos Globais
TMN 3.140
Optimus 3.740
Telecel 2.500
ONI Way 2.613
Leadcom 3.390
Tintancon 2.000 a 2.240
Mobijazz 2.970

Valores em  milhões de euros

UMTS na Europa: Investimentos avultados dividem Governos e candidatos

Valores em  milhões de euros

Um pouco por toda a Europa, têm surgido antagonismos entre os candidatos às licenças de UMTS e os Governos que as concedem. O modelo de concurso por leilão ampliou, em larga escala, os investimentos iniciais previstos pelas operadoras que temem a viabilidade do negócio nestas condições. O Governo alemão, por exemplo, vai encaixar cerca de 50,5 mil milhões de euros (10 mil milhões de contos) com a atribuição das licenças da terceira geração móvel.

PUB

Em Itália, o Governo suspendeu o leilão das licenças por considerar a existência de concertação entre os candidatos, facto que iria levar à redução das licitações, ou seja, um menor encaixe para os cofres estatais.

Em Espanha equaciona-se, depois da concessão das licenças, a atribuição de uma outra licença suplementar.

Em Portugal o Governo vai atribuir as licenças de UMTS por 100 milhões de euros (20 milhões de contos) cada.

PUB

As empresas licenciadas deverão iniciar a sua oferta comercial no início de 2002.

Quatro favoritos: TMN, Telecel, Optimus e ONI Way

Os analistas contactados pelo Canal de Negócios são unânimes em considerar que a TMN, a Telecel, a Optimus e a ONI Way, são os favoritos para a concessão das licenças de UMTS.

PUB

Após a divulgação de pormenores sobre as propostas surgiram, no mercado, vozes que se levantaram contra as propostas menos ambiciosas da TMN e da Optimus no que diz respeito à cobertura populacional proposta por aquelas duas operadoras.

Contudo, os analistas que o Canal de Negócios contactou, referem que «é de todo improvável que não sejam concedidas as licenças aos três actuais operadores de tecnologia GSM».

Candidatos, «juízes», Governos, investidores, fabricantes, consumidores, estão todos de olhos postos no UMTS e há quem aguarde por surpresas. Será que vai haver?

PUB
Pub
Pub
Pub