Compta vai abrir centro de inovação em Viseu
A tecnológica portuguesa Compta vai abrir um novo centro de inovação em Viseu. A abertura deste pólo de desenvolvimento vai decorrer até ao final deste ano, ou até mesmo "ainda no primeiro semestre", adiantou Jorge Delgado, presidente executivo da Compta, em entrevista ao Negócios.
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Actualmente, a tecnológica tem cinco centros de inovação: Lisboa, Porto, Abrantes, Tomar e Évora. E a vontade de expandir a lista já não é de agora. O problema? "Neste momento, a grande dificuldade que temos é a captação de talentos", confessou Jorge Delgado. "Há poucos [talentos] para aquilo que são as apostas. Hoje o fenómeno das start-ups tem consumido grande parte. E é legítimo", acrescentou.
Apesar de dizer que "alguns" jovens licenciados têm sido seduzidos pelas start-ups, sublinhou que é "um respeitador das start-ups", importantes "para impulsionar a tecnologia portuguesa". Ainda assim, acrescenta, "revejo-me mais em situações como a Compta, que já não é uma start-up. A Compta é uma start-up, se quisermos, com outra maturidade", destacou.
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O reforço em soluções próprias – uma estratégia que arrancou em 2016 e que hoje já representa 20% do volume de negócios – tem contribuído para a expansão da empresa e para a crescente necessidade de recursos humanos. As soluções assentes na tecnologia da internet das coisas (IoT na sigla inglesa) para "smart cities" e sectores de actividade como energia, ambiente ou agricultura estão no topo das apostas do grupo que conta com cerca de 240 trabalhadores.
Para tentar contornar a falta de jovens talentos e dar seguimento a esta estratégia, a tecnológica tem, "em primeiro lugar", tentado "reter" os que tem. Para captar fora, tem "intensificado as relações com as universidades" e, nomeadamente, com "os institutos politécnicos". A parceria com as instituições de ensino "é a forma que estamos a encontrar de, logo à saída das universidades, estarmos mais próximos dos jovens".
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Presidente executivo da Compta
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Tendo em conta o crescimento do número de start-ups e o interesse que despertam aos jovens licenciados, outra das estratégias seguidas pela Compta passa pela integração destas "pequenas empresas que estão a criar o seu espaço" no universo da tecnológica. "Nós, inclusivamente, temos uma plataforma de inovação [a Lusideias] que lançámos em Março de 2015 e que tem sido o nosso embrião". "Vamos buscar essas start-ups que a determinado momento do seu percurso de crescimento já trazem alguns talentos". "É uma outra forma para tentar tornear a dificuldade de captar talento", sustentou.
A nova era da Compta
A estratégia de reforço do desenvolvimento de soluções próprias começou a ser traçada em 2016. O que não significa que a Compta "esteja a abandonar o negócio da integração pura, transaccional. Mas está a trazer valor para as ofertas que leva aos seus clientes nacionais e a nível internacional", explicou Jorge Delgado.
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O objectivo da empresa, que este ano celebra 45 anos, é que até 2020 as soluções próprias representem metade das suas receitas. Uma meta que o presidente executivo sabe que é "ambiciosa", mas para a qual estão "a trabalhar".
Até agora, estas soluções pesam 20% do volume de negócios, segundo o presidente executivo, com o negócio de integração de Tecnologias de Informação nas empresas suas clientes ainda a representar quase a totalidade.
Aliás, uma das explicações da queda do volume de negócios em 16% para 13,7 milhões de euros no primeiro semestre - últimos dados disponíveis - , prende-se com essa aposta em soluções próprias.
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"Na realidade, o volume de negócios foi abaixo daquilo que estava orçamentado", revelou, explicando que o recuo das receitas deve-se ao abrandamento dos investimentos por parte dos principais sectores que constituem a base de clientes da Compta, nomeadamente telecomunicações e financeiro. Mas também ao facto de as soluções próprias serem "de mais pequeno montante". Portanto, justifica, "é normal que haja um decréscimo de volume de negócios na sua totalidade. Porém, no final do dia, a remuneração dos accionistas faz-se com o EBITDA e com os resultados líquidos . E aí, pelo contrário, nós estamos a conseguir subir a margem". "É um caminho que estamos a percorrer. Isto é uma maratona, não são sprints", referiu.
Nos primeiros seis meses do ano o EBITDA consolidado da Compta melhorou 18% para 988 mil euros, enquanto o resultado líquido passou de 21 mil euros negativos no primeiro semestre de 2016 para 121 mil euros positivos no período em análise.
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