Pequim diz que Nvidia violou regras da concorrência
A China concluiu que a Nvidia, a gigante norte-americana de semicondutores, violou as regras antimonopólio numa aquisição realizada em 2020 – e que foi, na altura, aprovada por Pequim. O regulador chinês não deu grandes detalhes sobre as conclusões preliminares da investigação iniciada no final do ano passado, mas a decisão aparece numa altura em que os representantes das duas maiores economias mundiais encontram-se reunidos em Madrid para discutir política comercial, restrições à venda de chips e outros temas.
Em causa está a aquisição, em 2020, da israelita Mellanox Technologies, uma fabricante de chips e placas de rede, especializada em tecnologias de rede e servidores, por sete mil milhões de dólares. O acordo envolvia uma dupla condição: a Nvidia não poderia discriminar empresas chinesas e a Mellanox só poderia fornecer informações sobre novos produtos a rivais apenas 90 dias depois de os ter disponibilizado à tecnológica norte-americana.
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O regulador chinês não revelou que medidas vai aplicar contra a fabricante de chips, mas referiu que vai aprofundar as investigações. Pequim tem endurecido a narrativa contra as tecnológicas dos EUA nos últimos tempos, de forma a retaliar as restrições que tanto a administração Biden com a Trump impuseram à exportação de semicondutores para empresas chinesas. No fim de semana, o país liderado por Xi Jinping anunciou uma série de novas investigações contra várias fabricantes de chips norte-americanas.
De acordo com as leis da concorrência chinesas, citadas pela Reuters, a Nvidia pode vir a enfrentar uma multa entre 1% a 10% das suas vendas anuais no último ano no país. Em 2024, a tecnológica registou receitas em torno dos 17 mil milhões de dólares na segunda maior economia do mundo, podendo vir a pagar, assim, uma multa entre os 170 milhões e os 1.700 milhões. O impacto nas contas da empresa pode vir a ser considerável e os investidores já estão a reagir, com a Nvidia a recuar mais de 2% no "pre-market" norte-americano.
Esta não é a primeira vez que a maior fabricante de chips do mundo é utilizada como arma de arremesso – tanto pela administração Trump como pelo Governo de Xi Jinping. Recentemente, o Presidente dos EUA decidiu aliviar algumas das restrições impostas à exportação de semicondutores para a China por parte da Nvidia e da Advanced Micro Devices (AMD). No entanto, Pequim está determinado em diminuir a dependência da tecnologia norte-americana e tem incentivado várias empresas do país a recorrerem a chips produzidos em território chinês.
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Ainda não é claro o impacto que esta decisão vai ter nas negociações sino-americanas. O primeiro dia foi marcado por questões relacionadas com a economia global, bem como pelo caso da ByteDance - a empresa chinesa que detém o TikTok e que tem até 17 de setembro para encontrar um comprador para a operação norte-americana, caso não queria que a sua "joia da coroa" seja novamente bloqueada nos EUA. Em cima da mesa, estarão nos próximos dias temas como a política comercial entre os dois países, as importações de crude russo, bem como uma possível cimeira entre Donald Trump e Xi Jinping.
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