Vestager quer passar a bola às tecnológicas para provarem inocência em casos de concorrência

Vestager, conhecida pela atenção que tem dirigido às gigantes tecnológicas e as multas avultadas que lhes tem aplicado, está a considerar novas formas de escrutinar o mercado.
Negócios 30 de Outubro de 2019 às 10:08

A comissária europeia responsável pela pasta da Concorrência, Margrethe Vestager, revelou ao Financial Times que está a considerar elevar o grau de prova que é requerido às tecnológicas no caso de estarem a ser visadas num caso de comportamento anti-concorrencial.  

PUB

Vestager estará a examinar uma proposta elaborada por especialistas independentes que prevê que, em certos casos, as plataformas suspeitas de comportamento anti-concorrencial tenham de demonstrar ganhos claros para os respetivos utilizadores para evitar medidas punitivas.

Um exemplo dado por uma fonte próxima das negociações, refere a atividade da Uber. "Caso esta empresa decidisse aumentar a remuneração para aqueles condutores que servissem a sua plataforma com mais frequência, poria os concorrentes em desvantagem. À luz da nova proposta de regulação, a Uber teria de demonstrar que este comportamento não causaria problemas de concorrência em vez de a comissão ter de o provar", revela a fonte.

PUB

"Penso que é uma discussão importante perceber que tipo de medidas seriam úteis", afirmou a comissária em declarações à publicação britânica.

Do ponto de vista de Vestager, empresas como a Google devem acarretar responsabilidades extra tendo em conta a posição dominante, que as faz ter um efeito de "regulação" no mercado. No cenário atual, "quais são as obrigações que tem? Como mostra que cumpriu com as suas obrigações?", questiona a comissária.

PUB

A ação de Vestager

Nestes cinco anos, fazem parte do 'portefólio' de Margrethe Vestager multas pesadas como a aplicada à Apple em agosto de 2016, num total de 13 mil milhões de euros por benefícios fiscais ilegais na Irlanda, ou a de 110 milhões de euros imposta ao Facebook em maio de 2017 por a empresa ter fornecido informação enganosa na compra da aplicação WhatsApp.

PUB

 

À Google, foram aplicadas três multas por práticas abusivas em determinados produtos do grupo: em junho de 2017 (2,42 mil milhões de euros), em julho de 2018 (4,34 mil milhões de euros) e em março deste ano (1,49 mil milhões de euros).

PUB

 

Também este ano, a Comissão Europeia multou a tecnológica norte-americana Qualcomm, que produz componentes para telemóveis, em 242 milhões de euros por abuso de posição dominante no mercado na tecnologia de terceira geração (3G), uma coima histórica.

 

PUB

Pelo meio, e ainda este ano, o executivo comunitário abriu uma investigação à gigante norte-americana de comércio eletrónico Amazon para determinar se a companhia teve acesso a dados pessoais de vendedores independentes para deter informação privilegiada e acusou as fabricantes de automóveis BMW, Daimler e VW de cartel que limitou a concorrência na área das tecnologias limpas.

Pub
Pub
Pub