Associação Ius Omnibus avança com ação popular contra Meo e Nowo

Segundo a Ius Omnibus, efeitos de "cartel" entre Meo e Nowo terão tido um impacto de 383 milhões de euros nos consumidores. Em causa estão práticas anticoncorrenciais, que já foram condenadas pela Autoridade da Concorrência.
Pedro Catarino
Sílvia Abreu 09 de Novembro de 2023 às 12:57

A Ius Omnibus, associação de defesa dos consumidores, avançou com ações populares contra a Meo e a Nowo. 

A ação popular funciona como uma espécie de legitimidade ativa dos cidadãos - individualmente ou através de associações -, a exercer perante qualquer tribunal, para a defesa de interesses difusos, sem que tenha que ser invocado um interesse pessoal e direto. Isto significa que, ao submeter uma ação popular, a Ius Omnibus surge em representação de todos os cidadãos, a menos que estes se auto-excluam.

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A iniciativa tem por base práticas anticoncorrenciais. "Conforme declarado pela decisão da Autoridade da Concorrência, a Meo e a Nowo estabeleceram um acordo restritivo da concorrência (cartel) em 3 de janeiro de 2018, que durou até 28 de novembro de 2018", explica a organização criada em 2020 pelo advogado Miguel Ferro, num comunicado.

Recorde-se que em dezembro de 2020, a Autoridade da Concorrência impôs uma coima de 84 milhões à Meo "por combinar preços e repartir mercados com a Nowo nos serviços de comunicações móveis e fixas", entre o princípio de janeiro e o final de novembro de 2018.

Segundo a Ius Omnibus, os efeitos deste "cartel começaram a produzir-se em novembro de 2017 e os efeitos prolongaram-se até pelo menos ao final de 2019". O impacto nos consumidores, estima, terá sido de 383 milhões de euros.

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Em junho deste ano, o Público deu conta de que ações populares contra grandes empresas mobilizavam milhões sem benefício para consumidores, sendo a Ius Omnibus o rosto das movimentações em Portugal. Segundo o jornal, só em dois anos e meio a organização levou ao Tribunal da Concorrência, Supervisão e Regulação (TCSR) dezenas de ações populares a envolver grandes pedidos de indemnizações.

Este mecanismo, escreve o jornal, capta a atração de fundos e de advogados porque uma percentagem de consumidores acaba por não reclamar o que tem a receber, o que resulta numa maior remuneração para a organização.

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