Ataques de bilionário a líderes da China atingem accionista chinês da TAP
Guo Wengui, que vive num apartamento de 68 milhões de dólares em Manhattan, deixou de ser visto em público em 2014, mas voltou recentemente a surgir nas redes sociais, afirmando ter informações comprometedoras para a liderança chinesa.
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Entre os seus alvos consta Wang Qishan, director do órgão máximo anticorrupção do Partido Comunista Chinês (PCC), que nos últimos anos puniu mais de um milhão de membros da organização, numa campanha lançada pelo Presidente chinês, Xi Jinping.
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Segundo Guo, Wang detém secretamente parte do grupo HNA, um dos maiores conglomerados privados chineses, mas cuja "estrutura accionista é difícil de decifrar", segundo escreve o jornal The New York Times (NYT).
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As afirmações do milionário surgem a poucos meses do XIX Congresso do PCC, durante o qual se definirá a liderança da segunda economia mundial durante os próximos cinco anos.
Durante a reunião irá decidir-se se Wang Qishan permanece no Comité Permanente do Politburo, a cúpula do poder na China. Observadores apontam-no mesmo como possível próximo primeiro-ministro do país, face à sua proximidade a Xi.
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A alegada ligação da HNA a Wang Qishan explicará a rápida expansão do grupo, desde uma pequena companhia aérea até um conglomerado com importantes participações em firmas como Hilton Hotels, Swissport ou Deutsche Bank.
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Este crescimento tem sido apoiado por bancos estatais, que segundo uma estimativa realizada pelo jornal NYT emprestaram já ao grupo 60.000 milhões de dólares, um valor geralmente reservado às firmas estatais que cumprem as directrizes de Pequim.
A empresa detém indirectamente cerca de 20% do capital da TAP, através de uma participação de 13% na Azul (companhia do brasileiro David Neelman que integra a Atlantic Gateway) e uma participação de sete por cento na Atlantic Gateway.
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Uma das suas subsidiárias, a Capital Airlines, abrirá em Julho o primeiro voo direito entre a China e Portugal.
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A HNA foi fundada em 1993, quando a propriedade privada estava ainda a começar no país asiático.
O governo da província de Hainan, uma ilha no extremo sul da China, pediu então a Chen Feng, um antigo piloto da força aérea chinesa, para ajudar na formação de uma companhia aérea regional, cuja propriedade seria repartida entre o Estado e investidores privados.
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A empresa criaria mais tarde uma 'holding' designada grupo HNA, permitindo a Chen transformar a sua pequena participação na companhia aérea numa participação de controlo na sociedade-mãe.
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Seguindo o apelo de Pequim para as empresas do país procurarem negócios além-fronteiras, a HNA alargou os seus investimentos aos sectores transporte, logística e retalho, acumulando ativos no valor de 145 mil milhões de dólares.
Num período em que outros grandes negócios de firmas chinesas no exterior têm sido adiados ou cancelados, devido às restrições impostas por Pequim à transferência de capital para fora do país, a HNA tem conseguido manter o fluxo de investimentos.
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"No entanto, entender quem controla o grupo HNA é difícil", escreve o NYT.
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"Os seus accionistas estão ocultados por detrás de múltiplas camadas de empresas fictícias, subsidiárias e afiliados no exterior", acrescenta.
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