"Governo não é conhecedor das avaliações" da TAP. Valor só chega daqui a 90 dias
A avaliação da TAP pedida pelo Governo foi direta para os cofres da Parpública, onde se vai refugiar até ao fim do primeiro trimestre de 2026. O ministro das Infraestruturas admite que a concorrência dos três grandes grupos é bom sinal para a companhia portuguesa.
As avaliações ao valor da TAP, pedidas para o processo de privatização, chegaram às mãos do Governo ainda no primeiro semestre, mas o ministro das Infraestruturas garante que o Executivo não conhece o valor da companhia aérea.
"O Governo não é conhecedor das avaliações", disse Miguel Pinto Luz, abordando as avaliações do Banco Finantia e da EY, pedidas pelo último Executivo de António Costa. "As avaliações estão do lado da Parpública e só serão conhecidas no período de propostas não-vinculativas, daqui a 90 dias. Até lá, será sempre gerar falsas expectativas", referindo-se à notícia revelada pelo Expresso esta sexta-feira.
A publicação do grupo Impresa adianta que a companhia portuguesa pode ser avaliada num valor entre os 1.455 milhões e 1.635 milhões de euros, mediante uma análise independente de Nuno Esteves. Estas contas tiveram como base o EBITDA dos últimos 12 meses e as contas da companhia até setembro, bem como múltiplos de transações comparáveis ajustado pelas sinergias expectáveis e aplicados à privatização nacional, tendo como comparação negócios recentes de companhias áreas. Com a venda de 49,9% em cima da mesa, este valor permitiria que o Estado conseguisse encaixar 726 milhões a 816 milhões de euros.
Apesar deste valor poder ser aliciante, o governante assegura que não devem ser criadas expectativas. "Não queremos gerar falsas expectativas e a seu tempo falaremos", apontando um possível número para o fim do primeiro trimestre do próximo ano ou para o início de abril, isto é, quando terminar a segunda fase do processo de privatização da TAP.
Ainda assim, e em relação aos três únicos interessados que se colocaram no concurso, Pinto Luz admite que "a concorrência é saudável a que possa haver preços maiores". "Acreditamos que a concorrência é saudável e é para isso que estamos a preparar e robustecer a companhia. Para ser saudável e poder alienar esta participação com qualidade, garantindo tudo aquilo que queremos garantir em termos estratégicos e garantir também retorno financeiro para o Estado", afirmou.
De recordar que as primeiras avaliações, datadas de 2023, colocavam o valor comercial da companhia aérea entre 800 milhões e 1,1 mil milhões de euros. Foi neste mesmo ano que a TAP, já ao comando de Luís Rodrigues, deu um lucro recorde de 177,2 milhões de euros, impulsionado pelo segundo e terceiro trimestre, que depois se despenhou para 53,6 milhões no ano seguinte.
A companhia portuguesa soma, até setembro, um lucro líquido positivo de 55,2 milhões de euros, um resultado fortemente impactado pelo primeiro trimestre. Entre janeiro e março de 2025, a companhia viu os seus resultados fixarem-se em -180,2 milhões de euros, à boleia da greve de 20 dias dos pilotos da Portugália e da deslocação da Páscoa para o segundo trimestre. A TAP estimou que estes dois resultados num "impacto financeiro nos resultados operacionais entre 30 e 40 milhões de euros".
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