Metade dos trabalhadores das low-cost são precários
Mais de 50% dos tripulantes de cabine da Ryanair não têm salário base. Sindicato Nacional vai reunir com sindicatos europeus.
Apenas cerca de metade dos pilotos que trabalham em companhias aéreas low cost pertencem aos quadros da empresa, de acordo com a European Cockpit Association (ECA), escreve o Jornal de Notícias. A aviação tem vivido dias complicados, razão pela qual o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) se reúne esta terça-feira, em Lisboa, com vários Sindicatos Europeus de Tripulantes de Cabine da Ryanair para debater a actual situação da transportadora.
A ECA garante que "não escasseiam pilotos na Europa", mas a falta de condições leva grande parte a aceitar empregos na Ásia ou nos países do Golfo, por exemplo. Segundo o JN, há mesmo jovens licenciados que aceitam "pagar para voar" para aumentarem as horas de experiência ao comando de um avião. A verdade é que o trabalho precário entre pilotos afecta maioritariamente as companhias low cost, mas também as outras "dependem cada vez mais desses esquemas".
Em Portugal, a TAP emprega cerca de mil pilotos e a contratação externa ultrapassa o estipulado. No início do mês, os pilotos recusaram trabalhar em folgas e gozaram dias de descanso. Na semana passada, a direcção do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) foi mandatada para concluir as negociações com a TAP. A 15 de Março, os pilotos da TAP decidiram mandatar a direcção sindical para prosseguir as negociações com a companhia, que têm a ver com matérias relacionadas com o regulamento de contratação externa e a actualização salarial.
Desde a greve dos tripulantes de cabine da Ryanair — que reivindicam a aplicação da legislação nacional, nomeadamente no que diz respeito à licença de parentalidade, garantia de ordenado mínimo e a retirada de processos disciplinares por motivo de baixas médicas ou vendas a bordo abaixo das metas da empresa — em Portugal, a companhia tem estado envolta em polémica por ter recorrido a trabalhadores de outras bases para minimizar o impacto da paralisação no país.
De acordo com o SNPVAC, mais de metade dos tripulantes da Ryanair têm contratos com agências de recrutamento, muitos não têm salário-base e têm mesmo de descontar como trabalhadores independentes, não têm direito a protecção social e se faltarem são dispensados. Aqueles que trabalham em Portugal, escreve o JN, "não podem faltar por doença mais do que três vezes ou são chamados a Dublin" para se justificarem. Quando querem gozar a licença de paternidade "só podem gozar os dias da lei irlandesa ou meter licença sem vencimento".
Para a reunião que decorre na sede do SNPVAC, à porta fechada, "estão já confirmadas as presenças de representantes de sindicatos oriundos da Holanda, Itália, Espanha, Bélgica e Alemanha", refere o sindicato português num comunicado divulgado na sexta-feira.
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