Angola paga juros de 16% em bilhetes de Tesouro
Segundo o relatório semanal sobre a evolução dos mercados monetário e cambial do BNA, enquanto operador do Estado, o banco central colocou no mercado primário, entre 8 e 12 de Fevereiro, 31,5 mil milhões de kwanzas (173 milhões de euros) em títulos do Tesouro, um aumento superior a 30% face à semana anterior, quando foram feitas as primeiras emissões de 2016.
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Deste total, 14,5 mil milhões de kwanzas (82 milhões de euros) foram em bilhetes de Tesouro (BT), com as taxas de juro médias a dispararem para 13,89%, 14,95% e 16% (na semana anterior foi de 15,5%), respetivamente para as maturidades de 91, 182 e 364 dias.
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Acrescem 16,1 mil milhões de kwanzas (91 milhões de euros) em obrigações do Tesouro (OT), neste caso com maturidades de dois a cinco anos e taxas de juro que chegam aos 7,7% ao ano.
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No segmento de venda direta de títulos ao público foram ainda colocados pelo BNA, na última semana, 962,8 milhões de kwanzas (5,4 milhões de euros), que no caso dos BT também chegaram a taxas de juro de 16% (a um ano).
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A Lusa tinha, a 8 de Fevereiro, que Angola pretende emitir quase 1,9 mil milhões de euros de dívida pública na forma de Obrigações do Tesouro este ano, dos quais quase 400 milhões em moeda externa, para financiar investimentos públicos.
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No total, o Governo angolano prevê emitir, em kwanzas (moeda nacional), OT no valor de 264.791,8 milhões kwanzas (mais de 1.500 milhões de euros), a colocar em leilões de preços, para "financiamento de investimentos públicos previstos no Orçamento Geral do Estado [OGE]".
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Foi ainda definida a emissão de OT, com o mesmo fim, mas em moeda externa - moeda a definir posteriormente segundo o documento consultado pela Lusa - no valor de 66.197.000 milhões kwanzas (mais de 380 milhões de euros).
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A agência de notação financeira Standard & Poor's desceu sexta-feira o "rating"lu da dívida soberana de Angola de ?B+' para ?B' devido à descida do preço do petróleo e à dependência destas exportações, levando ao aumento do endividamento do país.
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No comunicado com a decisão, que assume ainda uma perspetiva de evolução "estável" do "rating", aquela agência justifica a decisão com os preços do barril de petróleo no mercado internacional "mais baixos do que o esperado" nas previsões 2016-2019.
"Adicionalmente, os empréstimos internos e externos do Estado, juntamente com uma taxa de câmbio fraca, tem elevado o peso da dívida pública e esperamos que a dívida bruta de Angola atinja os 50% do PIB [Produto Interno Bruto] este ano", lê-se no comunicado.
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"Prevemos necessidades de financiamento externo bruto de Angola de aproximadamente 31 mil milhões de dólares este ano e no próximo, das quais cerca de metade de curto prazo", aponta ainda Standard & Poor's.
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Angola vive desde o final de 2014 uma forte crise financeira, económica e cambial decorrente da quebra com as receitas da exportação de petróleo, sendo o recurso à emissão de dívida em moeda estrangeira uma forma de também aumentar as reservas de divisas, necessárias para garantir as importações.
Para compensar a quebra com estas receitas fiscais, superior a 50% só em 2015, o Governo angolano tem aumentado o nível do endividamento, embora com taxas mais altas.
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