Juros da dívida portuguesa cedem terreno depois de seis subidas consecutivas

As rendibilidades pedidas pelos investidores estão a perder terreno em todos os prazos, contrariando a tendência de subida do último mês. Os analistas estão convencidos que Portugal está mais próximo do sucesso irlandês do que das dificuldades gregas.
Diogo Cavaleiro 16 de Novembro de 2012 às 12:58

A rendibilidade média pedida pelos investidores para negociar obrigações portuguesas a 10 anos recua 11,7 pontos base e está nos 8,8%. O comportamento de descida no mercado secundário contraria os seis dias consecutivos de subidas das “yields” neste prazo, de acordo com as taxas genéricas da agência Bloomberg.

Desde finais de Outubro, quando chegou aos 7,6%, a taxa de juro implícita às obrigações a 10 anos tem vindo a subir. Os avanços das “yields” reflectem uma desvalorização do preço do activo. É isso que tem vindo a acontecer nas últimas semanas, depois do grande recuo das rendibilidades que se verificou em todo o Verão.

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Nos mercados, a ideia é a de que o caso português, apesar de as últimas semanas terem sido marcadas por uma tensão política e social (como com os confrontos no dia da greve geral), está mais próximo da Irlanda do que da Grécia, como escreve hoje o Negócios. Para David Schnautz, estratega de taxas de juro do Commerzbank, com quem o jornal falou, a descida dos preços nos últimos dias, e consequente subida das “yields”, será um "movimento de consolidação dos preços".

A queda que hoje se sente no mercado de dívida secundário português é extensível a todas as maturidades. A dois anos, a “yield” cai 14,1 pontos base para os 5,87%, mas ainda distante dos 4% que registou em Outubro. A cinco anos , a taxa de juro perde 16,1 pontos base para 7,7%.

Portugal vai regressar ao mercado de dívida primário na próxima semana, quando o IGCP, a agência que gere a dívida pública, irá realizar três leilões de Bilhetes do Tesouro para obter entre 1,75 mil milhões e 2 mil milhões de euros. Este será o último leilão do ano, já que todo o dinheiro que Portugal pretendia captar nos mercados estará conquistado com a emissão da próxima semana.

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A Irlanda acompanha hoje a descida das “yields” associadas à sua dívida no mercado secundário. Na Europa, o comportamento das rendibilidades exigidas pelos investidores quando estão a transaccionar títulos de dívida é misto em Espanha e em Itália, num momento em que se antecipa um pedido de resgate externo de Espanha e em que se mantém a incerteza sobre se, e quando, vai a Grécia receber a próxima parcela do empréstimo financeiro que está a receber.

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