Venda e retorno do investimento das "cat bonds" atingem níveis recorde
A venda de obrigações de catástrofe (catastrophe bonds ou cat bonds em inglês) está a bater recordes. Só no decorrer de 2025, já foram investidos 18,1 mil milhões de dólares, cerca de 15,53 mil milhões de euros ao câmbio atual, neste instrumento financeiro. Um valor que já é superior ao total investido nesta tipologia de obrigações durante todo o ano de 2024 (que tinha sido de 17,7 mil milhões de dólares).
As cat bonds são títulos de dívida emitidos pelas seguradoras como uma forma de "partilhar" o risco dos encargos originados pelos estragos de catástrofes naturais (como incêndios, furacões, terramotos ou cheias).
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A informação é revelada pelo jornal Financial Times e tem origem na empresa de dados Artemis.bm. Segundo os valores apurados, o retorno total das obrigações de catástrofes aumentou 14% no último ano e mais de 50% nos últimos cinco anos (não é revelado um valor do juro pago e em que prazo).
As seguradoras emitem as cat bonds e usam o dinheiro captado junto dos investidores como "almofada" para pagar os eventuais prejuízos em caso de catástrofe natural – o que significa que, para quem investe, existe um risco de perda do capital caso ocorra um destes cenários. No entanto, caso não se verifique qualquer catástrofe que supere os limites de compensação previstos pelas seguradoras, nesse caso as seguradoras devolvem o investimento com uma taxa de juro elevada.
Além dos juros mais altos, as cat bonds têm a particularidade de o "desempenho" não estar diretamente ligado à evolução de outros ativos do mercado financeiro, o torna esta opção mais apelativa para quem gosta de diversificar os riscos.
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Apesar de as alterações climáticas colocarem no horizonte um potencial agravamento das catástrofes naturais, o FT escreve que o retorno para os investidores tem sido elevado, pois episódios como os do furacão Helene e Milton, nos EUA, apesar de destrutivos, foram devidamente acomodados pelas seguradoras, resultando em perdas mínimas ou nulas para os detentores das cat bonds. Já um novo evento com a dimensão do furacão Katrina, que afetou os EUA em 2005, poderia resultar em perdas para os investidores.
"Neste momento, [as cat bonds] são a parte mais apetecível dentro do espectro de rendimento fixo", comentou Pete Drewienkiewicz, líder do gabinete de investimento da empresa de consultoria Redington, ao FT.
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