Cartas de Trump com tarifas atiram Wall Street para o vermelho
As bolsas norte-americanas terminaram a primeira sessão da semana em terreno negativo, após o Presidente dos EUA ter visado sete parceiros comerciais com tarifas, que entrarão em vigor em agosto.
O anúncio de novas tarifas por parte dos EUA voltaram a atirar as bolsas norte-americanas para terreno negativo, com os três índices a registarem quedas de mais de 1%, após terem terminado a última sessão em níveis recorde.
Esta segunda-feira, Donald Trump publicou na sua rede social Truth Social as prometidas cartas enviadas a dois dos 12 países mencionados: vai impor tarifas de 25% sobre as importações do Japão e da Coreia do Sul. Mais tarde, fez saber que a lista se estendeu a cinco outros países: África do Sul, Malásia, Cazaquistão, Laos e Myanmar.
Além disso, a porta-voz da Casa Branca confirmou depois que o prazo de 9 de julho ficaria adiado para 1 de agosto, dia em que as "tarifas recíprocas" entrarão em vigor e que, ao longo desta semana, mais cartas chegarão à caixa de correio de outros países.
O Presidente dos EUA ameaçou ainda sancionar com tarifas extra de 10% os países que se alinhassem com as "políticas anti-América" do grupo BRICS, formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Para Ian Lyngen e Vail Hartman, da BMO Capital Markets, citados pela Bloomberg, as decisões da Administração Trump durante os últimos meses deixaram o mercado acreditar de que se trata apenas de “mais uma tática” no processo de negociação.
Sem novos acordos comerciais à vista, o sentimento do mercado volta ao pessimismo e os investidores fogem do risco. O S&P 500 perdeu 0,79% para 6.229,98 pontos e o tecnológico Nasdaq Composite derrapou 0,92% para 20.412,52 pontos. Já o industrial Dow Jones caiu 0,94% para 44.406,36 pontos.
"Tivemos um desempenho incrível, vários dias de recordes, mas estamos novamente em alerta de tarifas", disse Michael O'Rourke, estratega da JonesTrading, em declarações à Reuters. E acrescenta: "Não é uma surpresa, e os países ainda têm até 1 de agosto para chegar a um acordo. Isto é mais uma tomada de mais-valias por parte dos investidores do que de preocupação. Se o mercado estivesse realmente assustado, estaríamos muito mais em baixo".
Entre os principais movimentos empresariais, as ações da Tesla derraparam mais de 6% depois de o CEO, Elon Musk, ter anunciado a criação de um novo partido político, o Partido da América, para fazer frente ao atual presidente Donald Trump, o que levantou preocupações entre os investidores sobre o futuro da fabricante de carros elétricos.
Já a Netflix desceu 0,5% após a Seaport Global Securities ter revisto em baixa a recomendação dos títulos de comprar para manter. A Apple cedeu quase 2% após ter recorrido da multa de 500 milhões de euros imposta por Bruxelas a 23 de abril.
As ações da CoreWeave desceram também perto de 3% após ter anunciado a compra da Core Scientific por nove mil milhões de dólares, cerca de 7,6 mil milhões de euros ao câmbio atual, integralmente através da compra de ações. A segunda empresa afunda mais de 17%.
Por fim, a Wells Fargo também recebeu uma descida na recomendação por parte da Raymond James, de "comprar" para "market perform". A casa de investimento afirmou que os “fundamentos favoráveis” da ação já se refletem na sua avaliação.
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