Corte de previsões pressiona EDP. Manutenção do dividendo trava queda
As acções da EDP chegaram a perder mais de 3% no arranque da sessão, mas depressa aliviaram parte dessa descida. A contribuir para a queda está o corte de estimativas de resultados para incorporar um valor de "rendas" da energia que não deverá receber.
A pressionar as acções da EDP está o facto de a eléctrica ter revelado que prevê registar um prejuízo nas operações em Portugal, devido à disputa que está a ter com o Governo nas rendas da energia. A empresa liderada por António Mexia salvaguarda que os dividendos não estão em risco, até porque o resultado do grupo será positivo.
As acções da EDP estão a descer 1,86% para 3,226 euros, tendo chegado a desvalorizar um máximo de 3,26%, depois de ter revelado esta quinta-feira, 28 de Setembro, que foi notificada sobre o valor que poderá vir a perder dos pagamentos recebidos pelas centrais eléctricas abrangidas pelo regime dos Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC). Este processo está a ser disputado com o Governo.
Em causa está um montante de até 357,9 milhões de euros com a introdução de aspectos inovatórios na passagem do regime dos contratos de aquisição de energia (CAE) para o dos CMEC. Esta leitura foi feita pela Direcção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), a pedido do secretário de Estado da Energia.
Depois disto, a EDP decidiu avançar com um processo contra o Estado, anunciou ontem a eléctrica.
Ainda assim, a empresa tem de se preparar para o pior cenário. E tendo em conta que poderá não receber este montante, o impacto nas contas é significativo, passando de um lucro de 800 milhões de euros este ano para um valor entre 500 e 600 milhões.
A eléctrica liderada por António Mexia admite mesmo que este será o primeiro ano, desde a reprivatização da EDP, em que a actividade em Portugal representa um prejuízo. Contudo, o resultado líquido do grupo (e não apenas da operação em Portugal) deverá ser positivo.
Desta forma, a gestão da eléctrica garante que a política de dividendos não será afectada, o que estará a contribuir para alguma acalmia dos investidores. Entre 2012 e 2016 a empresa liderada por António Mexia tinha pago sempre um dividendo de 18,5 cêntimos por acção, valor que subiu para os 19 cêntimos em 2017 e que se mantém em 2018.
"Não podemos excluir que a decisão do Governo português possa ter impacto no interesse da CTG em avançar com a oferta de compra em curso", salientam os analistas do BPI, que admitem que possa mesmo haver quem especule "que o início da arbitragem internacional pode reforçar a ideia de que a CTG já não está alinha com o Governo e possa repensar" na operação.
"Recordamos que incluímos no nosso preço-alvo [da EDP] 0,24 euros por acção de potencial criação de valor da oferta da CTG", realçam os analistas, que mantêm uma recomendação de "neutral" e uma avaliação de 3,60 euros.
Nota: A notícia não dispensa a consulta da nota de "research" emitida pela casa de investimento, que poderá ser pedida junto da mesma. O Negócios alerta para a possibilidade de existirem conflitos de interesse nalguns bancos de investimento em relação à cotada analisada, como participações no seu capital. Para tomar decisões de investimento deverá consultar a nota de "research" na íntegra e informar-se junto do seu intermediário financeiro.
Mais lidas