Subida dos juros da dívida leva a maré vermelha em Wall Street
Os principais índices norte-americanos caíram todos mais de 1%, numa altura em que os investidores parecem questionar o estatuto dos EUA como porto seguro para investimentos. Entre os movimentos, o UnitedHealth Group cedeu quase 6%.
Os principais índices norte-americanos fecharam a sessão em baixa, com as "yields" das obrigações norte-americanas a subirem e os investidores a digerirem que a aprovação da proposta de lei de redução de impostos da Administração Trump poderá vir a aumentar significativamente a dívida do país, numa altura em que se começa a questionar o estatuto dos EUA como porto seguro para investimentos.
O S&P 500 caiu 1,61% para os 5.844,61 pontos, enquanto o Nasdaq Composite perdeu 1,41% para 18.872,64 pontos. Já o Dow Jones desvalorizou 1,91% para 41.860,44 pontos.
Os juros das "yields" do Tesouro a longo prazo subiram depois de uma venda de 16 mil milhões em títulos com rendibilidade a 20 anos por parte do departamento do Tesouro do país ter registado menor procura do que o esperado. A "yield" da dívida de referência dos EUA a 10 anos subiu 10,8 pontos base para 4,589%, atingindo durante a sessão o valor mais alto desde meados de fevereiro.
Já uma comissão do Congresso dos EUA marcou uma audiência invulgar, numa altura em que os republicanos da Câmara dos Representantes tentavam ultrapassar divisões internas no que toca aos cortes de impostos propostos por Trump. Analistas citados pela Reuters explicaram que o projeto-lei republicano poderá acrescentar entre 3 e 5 biliões de dólares à dívida de 36,2 biliões do governo federal.
"Há uma série de manchetes, todas elas com consequências se de facto se concretizarem", disse à Reuters Michael Farr, diretor executivo da Farr, Miller & Washington. "Muitas destas coisas são ameaças que se desvanecem muito rapidamente e os mercados estão a tentar digerir o que é importante ou o que é material ou o que é talvez uma fanfarronice negocial em nome da Administração", referiu ainda o especialista.
Entre os movimentos do mercado, a UnitedHealth Group caiu quase 6% depois de um relatório do jornal britânico The Guardian ter afirmado que o conglomerado de cuidados de saúde pagou secretamente milhares de dólares em bónus aos lares de idosos para ajudar a reduzir as transferências hospitalares de residentes doentes. O HSBC desceu a classificação das ações da empresa de "manter" para "reduzir".
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