Mesmo em queda, pagamentos com dinheiro físico ainda representam 52% do total
O Banco de Portugal - que é responsável por uma quota da produção de notas do Eurosistema que são impressas pela Valora S.A. - indica que, apesar do menor recurso ao numerário, a quantidade e o valor das notas em circulação aumentaram no ano passado. Já o número de contrafações de notas e moedas de euro "manteve-se reduzido": foram detetadas em circulação 11.039 contrafações de notas e 2.601 contrafações de moedas.
O uso de dinheiro físico tem vindo a decair em detrimento dos cartões e das aplicações, mas o "cash" continua a representar mais de metade das transações. O recurso a esta forma de pagamento é mais expressivo entre cidadãos e para pequenos montantes, sendo que utilizadores mais velhos têm maior apetência por notas e moedas, de acordo com dados avançados esta terça-feira pelo Banco de Portugal.
"Apesar da tendência de aumento dos pagamentos digitais, o número de pagamentos com dinheiro físico continuou a ser significativo em 2024, especialmente em transações de menor montante (até 30 euros) e entre cidadãos. O numerário foi utilizado no ponto de venda em 52% das transações (59%, em 2022). Considerando o valor total dos pagamentos realizados, o numerário figura em segundo lugar, com um peso de 39% (42%, em 2022), atrás dos cartões, que dominam com um peso de 45% (46%, em 2022), mas muito distante dos 7% das aplicações móveis (4%, em 2022)", indica o supervisor no seu relatório de emissão monetária, apontando para os resultados do mais recente estudo levado a cabo pelo BCE sobre as atitudes de pagamento dos consumidores na Zona Euro.
De acordo com o mesmo estudo, quanto maior a idade dos consumidores, mais frequente é a utilização de numerário: 57% dos consumidores que recorrem às notas e moedas nos pagamentos têm mais de 65 anos. Por seu turno, os consumidores com menos de 40 anos pagam a dinheiro em menos de metade das transações que efetuam no ponto de venda. A quota dos pagamentos com numerário diminuiu na maioria das utilizações, mas a maior quebra foi nas máquinas de venda automática (de 74%, em 2022, para 55% em 2024). Na restauração, o recurso ao numerário diminuiu 13 pontos percentuais desde 2022.
As preferências de pagamento declaradas pelos consumidores não se alteraram. Em 2024, tal como em 2022, mais de metade (55%) dos consumidores preferiam pagar com cartões ou meios de pagamento digitais nas lojas, enquanto 22% preferiam pagar com numerário, e 23% assumiam não ter uma preferência clara. No entanto, houve um aumento, de 62% para 64%, na representatividade dos consumidores que referem ser importante ter a opção de pagar com numerário. "Em média, os consumidores consideram os cartões mais rápidos e fáceis de utilizar. Pagar com notas e moedas facilita a gestão das despesas e protege a privacidade e a anonimidade", indica.
Tal como os consumidores utilizaram menos numerário nos pagamentos, também a percentagem de empresas que o aceitam se reduziu. O nível de aceitação diminuiu desde 2021, sobretudo, no retalho (-7 pontos percentuais), na restauração (-10 pontos percentuais) e na hotelaria (-13 pontos percentuais).
O Banco de Portugal - que é responsável por uma quota da produção de notas do Eurosistema que são impressas pela Valora S.A. - indica que, apesar do menor recurso ao numerário, a quantidade e o valor das notas em circulação aumentaram, 2,4% e 1,3%, respetivamente, no ano passado. "A otimização dos processos de tratamento e distribuição de numerário reduziram a saída e a entrada de notas nos bancos centrais, tornando, assim, mais eficiente o ciclo de vida do numerário", explica.
Em Portugal, a emissão líquida de notas diminuiu 4,1 mil milhões de euros. Saíram menos 724 milhões de euros e entraram menos 374 milhões de euros no banco central do que em 2023. "Estas quebras são, ainda, resultado da alteração das regras para a realização de operações de tesouraria no Banco de Portugal, que tornou mais eficiente a recirculação no país", justifica o supervisor liderado por Mário Centeno.
O banco central controlou, no ano passado, a genuinidade e a qualidade de 404,6 milhões de notas e de 89,7 milhões de moedas, tendo identificado 104,3 milhões de notas e 485,3 mil moedas impróprias para voltarem a ser utilizadas. As notas consideradas incapazes foram destruídas, gerando 88,2 toneladas de fragmentos, incinerados para valorização energética. Já o número de contrafações de notas e moedas de euro "manteve-se reduzido": foram detetadas em circulação 11.039 contrafações de notas e 2.601 contrafações de moedas.
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