Do "ouro digital" ao físico. Tether investe na mineração de metais preciosos
Detém o título da maior empresa de "stablecoins" do mundo, mas a Tether não quer ficar aqui. Depois de ter registado lucros de 5,7 mil milhões de dólares no primeiro semestre deste ano, a tecnológica liderada pelo italiano Paolo Ardoino quer começar a explorar o negócio do ouro: desde a mineração do metal precioso até à sua refinação.
A empresa tem estado em contacto com uma série de grupos de investimento ligados ao ramo, de acordo com fontes citadas pelo jornal britânico Financial Times, que pediram anonimato. A Tether conta no seu cofre com mais de 100 mil bitcoins, criptomoeda conhecida como o "ouro digital", avaliadas neste momento em 11,30 mil milhões de dólares. Além disso, possui cerca de 8,7 mil milhões em barras de ouro - ou, como o CEO da empresa gosta de as chamar, "bitcoin natural" -, utilizadas como colateral para a emissão da USDT, a maior "stablecoin" do mundo, e da XAUt.
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"Eu sei que as pessoas acham que a bitcoin é o 'ouro digital'. No entanto, eu prefiro pensar em termos de bitcoin - acho que é o ouro que é a nossa fonte natural", afirmou num discurso em maio, abrindo caminho para um potencial interesse no mercado dos metais preciosos. A curiosidade pela indústria do ouro viria a materializar-se em junho deste ano, quando a Tether Investments, subsidiária a cargo de gerir os investimentos da empresa, pagou 105 milhões de euros por uma posição minoritária na Elemental Altus - uma posição reforçada em 100 milhões esta sexta-feira.
Apesar de as duas indústrias andarem a aproximar-se nos últimos anos, o interesse da Tether causou alguma surpresa dentro do setor. "Eles gostam de ouro, mas não sei se têm uma estratégia", contou uma fonte da indústria ao jornal britânico. "É a companhia mais estranha com que já lidei", disse outra.
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A Tether é uma das principais emitentes de "stablecoins" (criptomoedas indexadas a ativos considerados mais estáveis, como o dólar) do mundo. A sua USDT tem uma capitalização de mercado superior a 168 mil milhões de dólares - mais de metade da quota de um mercado que já vale cerca de 300 mil milhões. Este tipo de moedas têm vindo a ganhar cada vez mais tração desde que os EUA aprovaram o Genius Act, legislação que introduz um quadro regulatório para os ativos digitais e que chamou a atenção de várias empresas e bancos norte-americanos.
No entanto, a Tether não é a única empresa a querer estabelecer uma ponte entre os ativos digitais e as matérias-primas. Também a Blue Gold, cotada do Nasdaq, quer começar a lançar "tokens" (representações digitais) do ouro que extrai nas minas do Gana, de acordo com o CEO da empresa Andrew Cavaghan.
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