6 passos para uma ordem de bolsa
Quer investir em bolsa mas acha que o processo é um "bicho de sete cabeças"? Gostava de acrescentar algum dinheiro extra ao seu salário ou, simplesmente, experimentar a adrenalina do mercado, mas não sabe como? O Negócios foi às compras através de um banco electrónico e explica-lhe o circuito de uma ordem de compra.
Quer investir em bolsa mas acha que o processo é um "bicho de sete cabeças"? Gostava de acrescentar algum dinheiro extra ao seu salário ou, simplesmente, experimentar a adrenalina do mercado, mas não sabe como? O Negócios foi às compras através de um banco electrónico e explica-lhe o circuito de uma ordem de compra.
De certeza que já ouviu falar em bolsa, em acções a cair e a descer, até mesmo em ordens de compra e de venda. Provavelmente já ouviu pessoas dizerem que fizeram fortunas a investir em bolsa e sentiu-se também tentado a tentar ganhar algum dinheiro da mesma forma.
Mas, afinal, como é que isso se faz? Qual o processo de uma ordem de bolsa? O que é que tem de fazer em primeiro lugar? O Negócios foi às compras com o Banco BiG à Euronext Lisbon para perceber todos os passos de ordem de compra. A ideia foi desmistificar um processo que parece longe de estar acessível a todos. Ou seja, tornar possível a qualquer pessoa negociar acções e, com isso, tentar ganhar e não perder.
Escolhemos o BiG porque, para além de ser banco pioneiro a trabalhar com as novas tecnologias é a maior instituição bancária "online". De Janeiro a Junho deste ano, o banco presidido por Carlos Rodrigues transaccionou 2,1 mil milhões de euros em acções, mais do que os 1,09 mil milhões de euros negociados pelo Activobank e do que os 650,3 milhões de euros em acções transaccionados pelo Banco Best, os outros dois bancos "online" em Portugal.
Para a simulação de compra, optámos pela Portugal Telecom (PT) por ser uma das acções mais transaccionadas na bolsa de Lisboa - nos últimos seis meses, negociou uma média diária de quatro milhões de títulos. Assim, no dia 4 de Agosto "comprámos" 100 acções da operadora de telecomunicações. Conheça todos os passos, o valor que "demos" por cada título e o montante total da compra. E quem sabe se, depois, não adquire a tal coragem que faltava para experimentar.
Abrir conta
A primeira coisa que tem que fazer para poder negociar, e neste caso comprar as tais 100 acções da Portugal Telecom, é abrir uma conta. Neste caso, como estamos a falar de um banco "on-line", teria que ir ao "site" do Banco BiG e abrir uma conta à ordem com um montante mínimo de 250 euros. Neste processo, Alexandre Martins, sub-director de "marketing" do banco, sublinha a importância das "passwords". Existem três: uma para ver o que se tem na conta, outra para todo o tipo de negociação que é feita no BiG e a terceira para transferências, "que é a que assume a maior importância para os clientes". Apesar de se tratar de um banco "on-line", quem quiser abrir a conta pessoalmente, por não se sentir confortável com as novas tecnologias, pode ir à sede ou uma das 12 agências que o BiG tem actualmente, onde os colaboradores do banco podem dar uma ajuda.
Como comprar?
Entre no "site", fazendo o respectivo "log in", para a área de "Bolsa e Mercados". Tiago Eusébio, director do banco, explica que, apesar de o BiG ter um serviço de aconselhamento e um de apoio ao cliente, a instituição permite que este último dê as ordens que quiser. Ou seja, sublinha o responsável, "o 'site' está construído de forma a que qualquer pessoa consiga, por si só, investir em qualquer tipo de activos. Temos muitas ferramentas e formas de negociar. A pessoa que não sabe e quer aprender em cada uma das áreas, encontra explicação de como fazê-lo".
Existem diferentes plataformas de negociação. Para um pequeno investidor, a mais aconselhável é a plataforma "Mybolsa", que apresenta as cotações em tempo real. Também aqui, existem várias opções de como negociar. Ou seja, pode escolher se quer validar a "password" para cada ordem que dá, assumindo que, se não der uma ordem no espaço de dez minutos, tem que inserira-la novamente. Há, também, a "password" só na entrada, ou ainda "a mais profissional": a "password" de negociação é pedida de início mas não é gerada uma página de confirmação da ordem. "Esta é a que pode gerar mais erros, mas é a que os profissionais gostam mais", alerta Tiago Eusébio, acrescentando que, neste caso, o melhor será optar por escolher a que valida todas as ordens. Ao entrar na plataforma, pode definir várias listas com carteiras. Pode, por exemplo pedir uma com títulos nacionais outra com espanhóis, uma com franceses e outra com norte-americanos. Depois, tanto pode retirar como adicionar novos títulos. O director sublinha que "esta é a mais aconselhável para qualquer pessoa que queira negociar, porque tem tudo o que precisa: tem os títulos que pode acompanhar, os índices ou outros indicadores (como ouro prata ou o euro) que pode escolher". Para além disso, pode ver o que tem na conta, pode visualizar todas as ordens de compra e de venda e os negócios que estão lá. "Por exemplo se alguém compra agora PT, vai lá aparecer que alguém o fez", explica.
A ordem é transmitida
Dentro da plataforma existem campos essenciais a serem preenchidos para uma ordem chamada normal. Ou seja, a quantidade, o preço a que se pretende comprar e a validade da ordem (se não colocar o prazo, expira no final da sessão, sendo que o prazo máximo é de um mês). Neste contexto, fizemos uma simulação. Fomos às compras no dia 4 de Agosto e, às 12h19m, observámos, através da profundidade do título (onde são mostradas todas as ordens de venda e compra e a que preço estão a ser dadas), que havia uma ordem de sete mil à venda ao valor de 7,05 euros. Demos a ordem de compra das 100 acções a esse valor. No entanto, Tiago Eusébio sublinhou mais duas opções: as ordens "stop" e a compra alavancada. "Na primeira, imagine que acabei de comprar Microsoft a 25 dólares. Posso dizer que não estou disposto a perder mais do que cinco dólares e deixar ordem para vender se a acção descer mais do que aqueles cinco dólares. O que é que eu faço? Primeiro, dei a ordem de compra, já tenho a acção em carteira; depois vou dar uma ordem de venda ao preço de 20 dólares e vou definir quando é que quero que a ordem seja enviada para o mercado, que é assim que chegar aos 20 dólares". Na ordem de compra alavancada, o BiG cativa apenas um terço do montante necessário, ou seja, se tiver mil euros, pode investir três mil euros porque o sistema vai cativar apenas mil que é o que o cliente tem. "Isto faz com que ganhe três vezes mais, ou perca três vezes mais. Aumenta o riso e a possibilidade de ganhos", sublinha o director.
A ordem entra no sistema
O BiG, como as restantes instituições financeiras, tem uma ligação directa à bolsa. A ordem vai do banco para a Euronext. Ao chegar, ou é logo efectuada ou fica na profundidade à espera de ser feita, explica Tiago. "Assim que é efectuada, a bolsa, pelo mesmo canal, comunica-nos a situação e no 'site' fica logo disponibilizada a informação na conta", continua o mesmo responsável, salientando: o processo de "registo nos nossos sistemas, envio para os sistemas da bolsa, recepção, processamento e envio de volta é feito em menos de um segundo".
O que acontece à ordem? No momento em que foi feita a simulação, existia uma ordem de venda de sete mil acções da PT. Conseguimos que a nossa ordem de compra de 100 acções a 7,05 euros fosse efectuada. No entanto, nem todas as ordens são executadas. "A lógica é a seguinte: quando dá uma ordem pode dá-la ao preço que quiser", explica Tiago Eusébio. Contudo, enquanto houver ordens de compra a valores superiores, primeiro serão essas executadas. Por exemplo, na profundidade da PT, naquele dia, por volta das 11h45m, existia um investidor a querer comprar 1.300 acções a 7,015 euros e cinco investidores a querer vender a 7,02 um total de 15 mil acções. Havia, também, um investidor a comprar 1.600 acções a 7,01 euros. Neste caso, explica o responsável do BiG, "primeiro é feito o negócio dos 7,015, porque se trata da pessoa que está disposta a comprar mais caro. Só depois, quando estas ordens forem satisfeitas, é que são concretizados os restantes negócios".
E depois da ordem executada?
Os títulos são de imediato creditados, podendo ser visualizados na plataforma do investidor. Quanto aos custos associados, existe um valor fixo que é pago à Euronext (dois euros), outro que é pago ao BiG, mas que pode variar, e o imposto de selo de 4%. No caso que simulámos, o preçário ideal e mais provável para o negócio seria o do pequeno investidor, através do qual o cliente tem que dar ordens inferiores a 1.500 euros para pagar apenas de 3,95 euros. "Se superar este valor, é muito caro". No BiG, os primeiros quatro negócios não pagam a taxa. No entanto, a nossa simulação com valores em tempo real, pressupôs que o investidor já teria efectuado esses negócios. Contas feitas, para comprar 100 acções da Portugal Telecom a 7,05 euros gastámos um total de 711,108 euros. Ou seja, 705 euros pela quantidade de acções, a que acresce os 3,95 euros pagos ao BiG, dois euros para a Euronext e os 4% de imposto de selo sobre a comissão do BiG. Tiago Eusébio alerta, concluindo, que, caso tivessem sido efectuados dois negócios, o custo seria o dobro, 7,9 euros. E exemplifica: "Imagine que queria comprar as 100 acções da PT a 7,05 euros mas que só havia 50. Poderia comprar as disponíveis (um negócio) e depois ter que comprar as restantes a um outro valor (novo negócio)".
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