Resultados trimestrais atiram Europa para o vermelho. Dona da British Airways afunda mais de 6%
Acompanhe aqui, minuto a minuto, a evolução dos mercados desta sexta-feira.
Resultados trimestrais atiram Europa para o vermelho. Dona da British Airways afunda mais de 6%
As principais praças europeias até arrancaram a sessão com algum fôlego, mas rapidamente perderam a força, numa altura em que os investidores se encontram a reagir a uma série de resultados trimestrais - bem como à procura de pistas sobre o futuro da política monetária dos EUA. A Europa não está a conseguir encontrar novos catalisadores para afastar as preocupações em torno de uma possível sobrevalorização das ações ligadas à tecnologia, em particular com a inteligência artificial (IA).
"Na ausência de dados económicos dos EUA, o foco continua em grande parte nos relatórios das empresas, bem como nas declarações dos membros da Reserva Federal, numa altura de incerteza sobre um corte em dezembro", explica Michael Brown, estratega da Pepperstone, à Bloomberg.
A esta hora, o Stoxx 600 recua 0,26% para 566,41 pontos, mantendo-se mesmo assim muito próximo dos máximos históricos de 577,68 pontos atingidos no final de outubro. A valorização do setor automóvel, que cresce quase 1%, não está a ser suficiente para compensar uma queda generalizada nos restantes setores, com o imobiliário e as "utilities" a encabeçarem as quedas.
O "benchmark" europeu encaminha-se assim para a segunda semana consecutiva de perdas, mas, mesmo a contar com as mais recentes desvalorizações, o índice ainda regista um saldo positivo de cerca de 12% este ano - muito próximo dos pares norte-americanas, com o S&P 500 a crescer 14% desde o arranque do ano.
Com o foco na "earnings season", que continua a toda a força, a International Airlines Group (IAG) afunda 6,59% para 3,87 libras, apesar de até ter visto os lucros aumentarem 15,15% para 2.703 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano. No entanto, o enfraquecimento do mercado norte-americano, numa altura em que a hostilidade das políticas de Donald Trump afastam turistas, deixou os investidores apreensivos.
Mesmo com algumas empresas a enfrentarem turbulência, os analistas do Deutsche Bank afirmaram que esta época de resultado0s tem sido bastante positiva para as cotadas europeias, com os lucros a crescerem mais 8% do que inicialmente antecipado.
Ainda em foco estão as ações da Novo Nordisk, que cedem 2,23% para 300,10 coroas dinamarquesas, isto depois de a farmacêutica ter assinado um acordo com a administração norte-americana para cortar os preços do seu medicamento para tratamento da obesidade - usado por muito consumidores como uma forma de perder peso.
Entre os principais índices da Europa Ocidental, o alemão DAX perde 0,24%, o português PSI desliza 1,31%, o francês CAC-40 desvaloriza 0,17% e o neerlandês AEX perde 0,55%, enquanto o britânico FTSE 100 cede 0,48% e o espanhol IBEX 35 recua 0,63%. Já o italiano FTSEMIB contraria a tendência de perdas e valoriza 0,13%.
Juros agravam-se na Zona Euro. França lidera subidas
Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro estão a agravar-se esta sexta-feira, num dia em que as principais praças da região até arrancaram pintadas de verde, mas entretanto perderam o gás. Na última sessão, as "yields" europeias acabaram por aliviar, numa altura em que as preocupações em torno da sustentabilidade do "rally" das tecnológicas acabou por derrubar os mercados acionistas globais.
Neste contexto, os juros das "Bunds" alemãs a dez anos, que servem de referência para a Zona Euro, avançam 2 pontos base para 2,668%, enquanto a "yield" das obrigações francesas com a mesma maturidade sobe 2,1 pontos para 3,464%. Já em Itália, os juros crescem 1,8 pontos para os 3,427%.
Pela Península Ibéria, a tendência de agravamentos mantém-se, com a "yield" das obrigações portuguesas a dez anos a acelerar 1,9 pontos base para 3,027% e as espanholas a subirem 1,8 pontos para 3,183%.
Fora da Zona Euro, os juros das "Gilts" britânicas também a dez anos agravam-se em 3 pontos base para 4,462%, um dia depois de o Banco de Inglaterra decidiu manter as taxas de juro inalteradas - uma decisão que foi tudo menos consensual, com quatro dos nove membros a votarem a favor de uma redução.
Dólar tímido após queda nas exportações chinesas. Libra em queda
O dólar está a avançar face aos seus principais concorrentes, mas com movimentações bastante reduzidas, isto depois de a queda nas exportações chinesas em outubro - a primeira desde fevereiro - ter dado alguma força à "nota verde. A divisa norte-americana tem vindo a recuperar algum terreno nas últimas semanas, muito devido a uma maior incerteza em torno do que a Reserva Federal (Fed) vai fazer em dezembro, quando for confrontada com uma nova decisão de política monetária.
"Os mercados estão a navegar às cegas porque só têm dados do setor privado para se basearem", explica Christopher Wong, estratega cambial do OCBC, à Reuters, em referência ao "shutdown" norte-americano que está a travar a divulgação de dados económicos oficiais. "Não há uma tendência clara no dólar e é, por isso, que as moedas asiáticas estão a seguir as tendências do mercado em geral".
A esta hora, o euro recua 0,07% para 1,1539 dólares, enquanto a libra cede 0,15% para 1,3117 dólares. O Banco de Inglaterra acabou por deixar as taxas de juro inalteradas na reunião de quinta-feira, mas a decisão foi tudo menos consensual, com quatro dos nove membros a votarem a favor de um alívio de 25 pontos base.
Já o dólar avança 0,23% para 153,40 ienes, pressionado pelos dados da China - que lançaram uma onda de dúvida em relação à vitalidade das economias da região -, mas também por um consumo interno mais fraco do que antecipado. Os gastos das famílias japonesas em setembro aumentaram 1,8% em relação ao ano anterior, um pouco abaixo da previsão do mercado, que apontava para um crescimento de 2,5%.
Ouro em alta impulsionado pela fragilidade do mercado laboral dos EUA
A onça de ouro está a valorizar no mercado internacional, após novos dados económicos nos EUA terem apontado para um mercado laboral mais frágil do que o antecipado - levando os investidores a reforçarem as apostas num novo corte nas taxas de juro de 25 pontos base já na reunião de dezembro da Reserva Federal (Fed) norte-americana. A incerteza em torno dos impactos do "shutdown" no governo do país está ainda a reforçar a procura por ativos refúgio.
A esta hora, o metal precioso avança 0,79% para 4.008,58 dólares por onça, encaminhando-se para fechar a semana no verde - embora com ganhos muito reduzidos, de 0,1%. No mês passado, o ouro conseguiu atingir máximos históricos de 4.381,21 dólares, mas, desde aí, já caiu cerca de 8%, pressionado por um recuo nas tensões comerciais entre EUA e China e por uma diminuição das probabilidades da Fed cortar novamente os juros este ano - agora em ascensão, mais uma vez.
"Os dados sobre o emprego no setor privado continuam a indicar que é provável uma redução das taxas de juro em dezembro e é por isso que os preços do ouro estão a receber algum tipo de apoio" esta sexta-feira, explica Soni Kumari, estratega de commodities do ANZ, à Reuters. Devido ao duplo mandato da Fed, que passa por assegurar o controlo da inflação e o pleno emprego, um mercado laboral mais frágil tende a levar a um corte nas taxas de juro.
O mercado de "swaps" aponta agora uma probabilidade de 67% do banco central avançar com um novo alívio, que compara com os 60% de ontem. Os investidores já tinham praticamente incorporado um corte para dezembro, antes de Jerome Powell, presidente da Fed, ter afirmado que uma flexibilização no próximo mês era "tudo menos garantida".
Petróleo avança 1% mas não escapa de perdas semanais
O barril de petróleo encaminha-se para a segunda semana consecutiva de perdas, numa altura em que o crescimento de "stocks" um pouco por todo o mundo está a aumentar os receios em torno de um excedente no mercado para o próximo ano. Mesmo assim, esta sexta-feira, os preços do crude estão a valorizar 1%, após três sessões consecutivas no vermelho.
A esta hora, o West Texas Intermediate (WTI) - de referência para os EUA – sobe 1,11%, e consegue ultrapassar novamente a marca dos 60 dólares por barril, encontrando-se a negociar nos 60,09 dólares. Já o Brent – de referência para o continente europeu – avança 1,04% para 64,04 dólares por barril. Os dois "benchmarks" encaminham-se para perdas semanais na ordem os 2%, à medida em que os grandes produtores de petróleo mundiais reforçam o "output".
"Isto foi amplificado pelos fluxos de aversão ao risco, reforçando o dólar, e pelo 'shutdown' no governo dos EUA, que continua a obscurecer a atividade económica", explica Tony Sycamore, analista de mercados do IGN, à Reuters. A piorar o cenário, relembra, está ainda o aumento de "stocks" de crude nos EUA, que acabaram por crescer em 5,2 milhões de barris na semana passada - o maior movimento desde julho deste ano.
O consumo de petróleo na maior economia do mundo pode ainda ser impactado negativamente pelas consequências do "shutdown" do Governo federal. Na quinta-feira, a administração Trump ordenou uma redução da atividade nos maiores aeroportos do país, devido à falta de controladores aéreos - que são pagos pelo Estado.
Ainda esta semana, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+) decidiu reforçar a produção de crude em dezembro, mas anunciou que iria suspender qualquer aumento no primeiro trimestre do próximo ano. Embora a decisão tenha, numa primeira fase, levado ao aumento dos preços, numa segunda fase acabou por derrubar o petróleo, com os investidores a verem este movimento como um sinal de que o grupo estará preocupado com um possível excedente no mercado.
Tecnológicas voltam a derrubar Ásia. Europa e EUA apontam para recuperação
As principais praças asiáticas encerraram a derradeira sessão da semana pintadas de vermelho, numa altura em que os investidores continuam a questionar as grandes avaliações das empresas e se o grande capital investido em inteligência artificial (IA) vai mesmo dar retorno no longo prazo. Já pela Europa e EUA, depois de uma sessão em que estas preocupações dominaram e atiraram os principais índices para perdas avultadas, a negociação de futuros aponta, agora, para uma recuperação.
“Se olharmos para o setor da IA, vemos que há muita especulação”, explica Mark Mobius, um investidor veterano em mercados emergentes, à Bloomberg. “Esperamos que haja uma correção nas empresas que estão enfatizando a IA e gastando biliões de dólares. Isso não significa que a IA vai desaparecer, mas os gastos atuais são excessivos", completa.
As praças com uma grande presença do setor tecnológico continuam a ser as mais castigadas pelos investidores, isto depois de na quinta-feira o Nasdaq Composite já ter recuado mais de 2%. Esta sexta-feira, foi a vez do sul-coreano Kospi ceder 1,8% e o japonês Nikkei 225 cair 1,2%, fechando a semana com perdas de 4,1%, - o pior saldo desde abril deste ano, quando o anúncio da política comercial de Donald Trump abalou os mercados e atirou as ações ao tapete.
As fabricantes de "chips" asiáticas figuraram entre as maiores perdedoras nesta sessão, mas o SoftBank acabou por ser a cotada a centrar atenções. O banco nipónico, que é um grande investidor no setor tecnológico, caiu quase 7%, encerrando a semana com um saldo negativo de cerca de 20%. As perdas foram, no entanto, atenuadas por notícias de que a instituição financeira considerou comprar a Marvell Technology no arranque do ano.
Já os chineses Hang Seng, de Hong Kong, e o Shanghai Composite caíram, respetivamente, 1% e 0,2%, pressionados ainda por uma redução nas exportações da China em outubro, que recuaram 1,1%. Foi a primeira queda mensal desde fevereiro, num mês marcado por um vaivém de tensões comerciais entre a segunda maior economia do mundo e os EUA.
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