Argentina: Juros da dívida disparam e moeda tomba depois de Milei perder eleições distritais

Os investidores não ficaram confiantes depois de conhecidos os resultados das eleições distritais de Buenos Aires. Com 99% dos votos apurados, a coligação Fuerza Patria, da oposição, conseguiu 47,28% dos votos, o que elege 13 senadores e 21 deputados. Já o Alianza LLA, uma coligação que inclui o partido La Libertad Avanza, de Javier Milei, teve 33,71% dos votos, o que permite eleger 8 senadoras e 18 deputados. Os restantes votos foram distribuídos pelos movimentos Somos Bs. As. e FIT-U, segundo o jornal argentino La Nácion.

Estes resultados, além de resultarem numa derrota para o partido do atual presidente argentino, acabou por ser mais pesada do que se antecipava. Os analistas ouvidos pela Bloomberg antecipavam que qualquer resultado com mais de cinco pontos percentuais de diferença seria suficiente para desencadear uma reação negativa nos mercados.

E com eleições intercalares para a Câmara dos Deputados à vista (acontecem em outubro), começam a surgir sinais de incerteza política na Argentina, já que os resultados distritais de Buenos Aires indicam que os argentinos podem não estar totalmente de acordo com as políticas económicas que têm sido assumidas no país.

Algo que se fez sentir de imediato nos mercados. Os juros da dívida soberana da Argentina a 10 anos estão a subir 160 pontos-base para uma taxa de 14,338%. Os juros mais altos são uma consequência da menor procura dos investidores. E isto num contexto em que tipicamente as obrigações dos países são vistos como ativos seguros. Por exemplo, os juros das obrigações do México negoceiam esta segunda-feira em torno dos 5,701% e do Brasil em torno dos 6,139%.

Também o peso argentino está a perder no mercado cambial. No par de câmbio peso argentino/euro, o peso cede 4,76% para 0,00060 euros. Já no par de câmbio com o dólar americano, o peso argentino cede 3,88% para os 0,000705 dólares. Mas segundo a Bloomberg, a queda chegou a ser de 7% relativamente ao par peso/dólar.

Depois dos resultados das eleições deste domingo, Javier Milei prometeu fazer uma reflexão profunda. "Tivemos um revés eleitoral e temos de aceitá-lo", disse após os resultados.

Já uma nota aos investidores do banco Morgan Stanley diz que a derrota do partido do presidente argentino aumenta as hipóteses de um cenário "no qual os mercados questionam a probabilidade de as reformas [orçamentais] continuarem, havendo um aumento de incerteza sobre fontes externas de financiamento" à Argentina, segundo cita a Bloomberg.