Portugal vai gastar 7,1 mil milhões com juros da dívida em 2026. Custo agrava-se em 1,5%
Os encargos do Estado português com juros da dívida vão aumentar em 2026 pelo quinto ano consecutivo. Segundo a proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2026 que o Governo entregou esta quinta-feira ao Parlamento, o gasto previsto com juros fica próximo dos 7,1 mil milhões de euros.
"O Programa Orçamental da Gestão da Dívida Pública, com uma despesa total consolidada de 174.203,3 milhões de euros, dispõe de 7.100,2 milhões de euros para suportar encargos com juros da dívida pública em 2026", pode ler-se no relatório. O valor fica 1,46% acima dos 6.998,2 milhões de euros previstos para este ano.
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O agravamento tem sido causado principalmente pelo contexto de incerteza a nível internacional, nomeadamente a crise política em França, bem como o agravamento da inflação à qual o Banco Central Europeu (BCE) respondeu com a mais rápida subida de sempre nas taxas de juro de referência.
Apesar de esta estratégia da autoridade monetária liderada por Christine Lagarde ajudar a aliviar os custos de financiamento dos países e de a promoção de Portugal ao clube dos rating de nível A, estes fatores positivos não foram suficientes para contrariar a subida generalizada dos juros nos mercados financeiros.
Segundo dados da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP, o custo médio do "stock" da dívida pública fixou-se, em 2024, em 2,1%, enquanto os novos títulos emitidos desde o início do ano têm um custo médio de 3,3%.
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Na análise ao risco de taxa de juro presente no relatório do OE, a equipa de Miranda Sarmento explica que, no final de julho de 2025, observou-se um aumento de 1,8 anos na duração da carteira de dívida total e uma diminuição de 0,2 anos na duração da carteira de dívida ajustada, face ao período homólogo, atingindo 6,7 e 5,7 anos, respetivamente.
A dívida a refinanciar ou com taxa de juro a refixar no prazo de 12 meses correspondia, na mesma altura, a 6,7% do total, abaixo dos 7,4% no final de 2024. Os cálculos das Finanças mostram que um aumento imediato e permanente de 1 ponto percentual ao longo de toda a curva de rendimentos, "traduzir-se-ia num incremento dos juros da dívida direta do Estado, em 2026".
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