Fitch eleva rating soberano de Portugal para A
Depois de ter mantido a notação na primeira revisão do ano, em março, a agência elevou o rating do país para o sexto nível mais elevado da sua escala. Trata-se da quarta subida deste ano pelas principais agências.
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A Fitch elevou o rating da dívida soberana de Portugal nesta sexta-feira em um nível para A, como era esperado, refere um comunicado da agência de notação. O outlook passa de positivo para estável.
A agência destaca como um dos principais fatores para a elevação da notação a contínua redução da dívida pública, atingindo os 96,4% face ao PIB no primeiro trimestre de 2025, face a mais de 134% em 2020, "uma das maiores quedas entre os soberanos avaliados pela Fitch".
"A queda reflete um crescimento robusto e excedentes primários consideráveis suportados por um forte historial de política orçamental prudente", refere o comunicado. A agência prevê uma queda para 88,4% no final de 2027.
A agência destaca também a "posição orçamental equilibrada", prevendo que as contas públicas alcancem um superávite ligeiro de 0,1% este ano. Contudo, já em 2026, a Fitch prevê um défice de 0,7%, "motivado pelo aumento dos empréstimos do PRR, os cortes de impostos adicionais e a subida do investimento público". O défice deve descer para 0,4% do PIB em 2027, com o PRR a expirar e a atividade de investimento a desacelerar.
A agência refere que o desfecho das eleições de maio "suportou uma ampla continuação da política orçamental". Para a Fitch, os resultados eleitorais significam uma linha de continuidade política, com uma "disrupção limitada à politica orçamental e sem obstáculos sigificativos à aprovação do Orçamento do Estado para 2026".
Sobre as perspetivas para o PIB, são resilientes, prevendo um crescimento de 1,8% em 2025, impulsionado pela "subida dos rendimentos reais, um robsuto mercado de trabalho e investimento suportado pelo PRR, enquanto as exportações líquidas devem pesar moderadamente no crescimento". Já em 2026, o crescimento deve acelerar para 2,2%.
Contudo, existem riscos para o crescimento, "motivados principalmente por desafios externos, incluindo um forte abrandamento dos parceiros comerciais da UE. As tensões comerciais EUA-UE abrandaram, mas as tarifas dos EUA sobre bens portugueses representam desafios contínuos".
A agência optou por manter o rating de A- com outlook positivo em março, na primeira revisão do ano, com a crise política que se vivia na altura a pesar na decisão. Em setembro de 2024, a Fitch tinha elevado o outlook para positivo, sinalizando assim que poderia melhorar a notação soberana nos seis a 24 meses seguintes.
Esta é a quarta melhoria da nota de Portugal este ano, depois de a DBRS o ter feito a 17 de janeiro e a Standard & Poor’s a 28 de fevereiro e novamente a 29 de agosto. Portugal passa, assim, ao sexto nível mais elevado da Fitch.
O Governo reagiu através de um comunicado do ministério das Finanças, destacando a segunda subida do rating soberano em duas semanas, depois da decisão da S&P. "Sendo o rating determinante para a forma como o país é percecionado pelos investidores externos e para os custos do seu financiamento, esta segunda subida da notação financeira é uma excelente notícia para Portugal e para os portugueses", refere o comunicado.
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