Bolsas europeias negoceiam com cautela. Juros agravam-se na Zona Euro após avisos de Nagel
Juros agravam-se na Zona Euro após avisos de Nagel
Dólar inabalado pela Fed. Iene recupera de mínimos de dez meses
Ouro em máximos de uma semana com novo corte nos juros no horizonte
Petróleo no vermelho com negociação para a paz na Ucrânia em foco
Fed e tecnológicas dão força às praças asiáticas. Europa aponta para o vermelho
Europa avança com cautela à espera de novos catalisadores
As principais praças europeias estão a negociar na sua maioria no verde, embora com ganhos pouco substanciais, num dia repleto de dados económicos tanto deste como do outro lado do Atlântico. Os investidores vão estar especialmente atentos aos números da economia norte-americana, numa altura em que têm crescido as probabilidades do banco central voltar a cortar nas taxas de juro em dezembro.
O Stoxx 600, "benchmark" para a negociação europeia, acelera 0,22% para 564,09 pontos, isto depois de já ter conseguido recuperar parcialmente das quedas da semana anterior na segunda-feira. As ações de defesa estão em foco nesta sessão, ao crescerem mais de 1%, depois de a Rússia ter voltado a intensificar os ataques sobre a Ucrânia na noite passada - apesar dos avanços nas negociações para acabar com o conflito que assola a Europa há quase quatro anos.
Delegações dos EUA, Rússia e Ucrânia estão reunidas em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, para discutirem um potencial fim da guerra. Os EUA estão representados pelo secretário do Exército, Dan Driscoll, que na segunda-feira já teve um encontro com uma delegação russa, segundo a agência de notícias Reuters. Já nesta terça-feira as conversações vão continuar entre as partes e sabe-se que a Ucrânia também tem uma representação em Abu Dhabi.
As ações europeias arrancaram a semana em recuperação, com o Stoxx 600 a avançar, embora de forma ligeira, na segunda-feira, impulsionado pelos comentários do membro do conselho de governadores da Reserva Federal (Fed) Christopher Waller, que vê o mercado laboral fraco o suficiente para justificar um novo corte nas taxas de juro.
“A Fed tem uma tradição de dar visibilidade aos investidores quando se trata de decisões sobre taxas de juros. A volatilidade que estamos a testemunhar atualmente é um reflexo da ausência dessa visibilidade”, explica Raphael Thuin, diretor de estratégias de mercado da Tikehau Capital, à Bloomberg. O analista antecipa ainda que este caminho nublado pode ser um risco para as ações em 2026.
Entre as principais movimentações de mercado, a Kingfisher acelera 3,93% para 3,04 libras, tendo chegado a disparar quase 7%, depois de a empresa ter revisto em alta as suas previsões para o resto do ano, esperando agora atingir um resultado antes de impostos entre os 540 e os 570 milhões de libras.
Quanto aos principais índices da Europa Ocidental, o alemão DAX sobe 0,11%, o neerlandês AEX acelera 0,26%, enquanto o francês CAC-40 ganha 0,05% e o britânico FTSE 100 valoriza 0,24%. Já o espanhol IBEX 35 e o italiano FTSEMIB estão praticamente inalterado.
Juros agravam-se na Zona Euro após avisos de Nagel
Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro arrancaram a negociação com pequenos agravamentos, depois de o presidente do banco central alemão e membro do conselho do Banco Central Europeu, Joachim Nagel, ter avisado que a autoridade monetária continua atenta à evolução dos preços nos alimentos e nos serviços - que continuam elevados.
Neste contexto, os juros das "Bunds" alemãs a dez anos, que servem de referência para a Zona Euro, avançam 0,5 pontos-base para 2,695%, enquanto a "yield" das obrigações francesas com a mesma maturidade ganha 0,4 pontos para 3,449%. Já em Itália, os juros aceleram 0,6 pontos para os 3,445%.
Pela Península Ibéria, regista-se a mesma tendência, com a "yield" das obrigações portuguesas a dez anos a agravar-se em 0,4 pontos base para 3,032% e as espanholas a subirem 0,5 pontos para 3,198%.
Fora da Zona Euro, os juros das "Gilts" britânicas, também a dez anos, avançam 0,9 pontos-base, para 4,544%, a poucos dias de o Governo trabalhista apresentar o orçamento para o próximo ano.
Dólar inabalado pela Fed. Iene recupera de mínimos de dez meses
O dólar está a negociar praticamente inalterado face à maioria dos seus principais concorrentes, mesmo numa altura em que crescem as probabilidades da Reserva Federal (Fed) norte-americana voltar a flexibilizar a sua política monetária - um movimento que tende a desvalorizar a "nota verde".
A esta hora, o euro avança apenas 0,02% para 1,1524 dólares, enquanto a libra acelera 0,09% para 1,3117 dólares. Na segunda-feira, o membro do conselho de governadores Christopher Waller afirmou que o mercado laboral norte-americano está fragilizado o suficiente para justificar um novo corte em dezembro, embora tenha alertado que alívios posteriores estarão bastante dependentes de como a economia do país vai evoluir.
"Há um grande foco na posição de cada membro da Fed e nas suas opiniões sobre um corte nas taxas em dezembro", começa por explicar Chris Weston, diretor de pesquisa da Pepperstone, à Reuters. "Isto faz sentido, dado que o mercado não tem recebido os dados que normalmente influenciariam a sua posição [em relação a um novo corte]. Talvez a maior incógnita seja a opinião do [presidente do banco central, Jerome] Powell, mas, em suma, pode-se supor que ele votaria a favor de um corte em dezembro", afirma ainda.
Já face à divisa nipónica, o dólar está a desvalorizar 0,15% para 156,66 ienes, mantendo-se bastante próximo dos máximos de 10 meses que atingiu na semana passada. Os investidores têm aguardado por sinais de intervenção por parte do Governo japonês para dar força à moeda, isto depois de o iene ter desvalorizado de forma substancial desde que Sanae Takaichi assumiu as rédeas do país.
Ouro em máximos de uma semana com novo corte nos juros no horizonte
O ouro atingiu máximos de mais de uma semana na madrugada desta terça-feira, numa altura em que os investidores estão cada vez mais confiantes de que a Reserva Federal (Fed) norte-americana vai mesmo avançar com uma flexibilização da política monetária na reunião de dezembro.
Depois de ter tocado nos 4.141,49 dólares por onça, o valor mais elevado desde 14 de novembro, o ouro está a negociar praticamente inalterado face à cotação de fecho de segunda-feira, recuando apenas 0,05% para 4.134,22 dólares. Na sessão anterior, o metal precioso acelerou quase 2%, animado pelas declarações do membro do conselho de governadores da Fed Cristopher Waller, que considera um novo corte nas taxas de juro apropriado.
Na sequência destes comentários, as probabilidades da Fed avançar com um alívio de 25 pontos-base no próximo encontro, que se realiza de 9 a 10 de dezembro, dispararam, superando os 80% - um valor em claro contraste com os 40% da semana anterior. Os investidores têm-se mostrado bastante nervosos em torno do futuro da política monetária dos EUA, o que levou o VIX, o chamado "índice do medo" de Wall Street, a atingir máximos de abril.
"Os investidores vão estar atentos a quaisquer dados económicos dos EUA, para ver se as preocupações da Fed em torno da procura - seja no mercado laboral, nas vendas a retalho ou na confiança dos consumidores - conseguem eclipsar a situação de inflação persistente", afirma Kelvin Wong, analista de mercados da OANDA, à Reuters.
Neste ponto, esta terça-feira vão ser conhecidos uma série de dados que acabaram por ver a sua divulgação atrasada devido ao "shutdown" do Governo norte-americano - o maior da história do país. Na lista incluem-se a evolução das vendas a retalho e dos preços no produtor, ambos referentes a setembro, bem como do sentimento dos consumidores em novembro.
Petróleo no vermelho com negociação para a paz na Ucrânia em foco
O barril de petróleo está a desvalorizar no mercado internacional esta terça-feira, numa altura em que as negociações para acabar com a guerra na Ucrânia continuam a mostrar sinais de progresso. De acordo com a Reuters, o secretário do Exército dos EUA estará reunido com uma delegação russa em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, para discutir o plano de Washington para pôr fim ao conflito, depois de representantes da Casa Branca terem concordado em modificar alguns pontos para se aproximarem das pretensões de Kiev.
A esta hora, o West Texas Intermediate (WTI), de referência para os Estados Unidos, perde 0,49% para 58,55 dólares por barril, enquanto o Brent, referência para a Europa, recua 0,55% para 63,02 dólares por barril. Na sessão de segunda-feira, os dois "benchmarks" aceleraram 1,3%, depois de até terem passado uma boa parte da negociação em baixa, com os investidores divididos em torno das probabilidades de um acordo de paz entre Ucrânia e Rússia vir realmente a acontecer.
O fim do conflito entre os dois países poderia levantar as sanções que o crude russo enfrenta por parte da União Europeia, dos EUA e do Reino Unido, permitindo às petrolíferas russas comercializarem a matéria-prima sem restrições. Caso isto aconteça, as previsões de um excedente de crude para o próximo ano poderiam agravar-se ainda mais, numa altura em que o Deutsche Bank já antecipa uma oferta superior à procura em dois milhões de barris.
Os dois "benchmarks" do petróleo preparam-se para fechar novembro com um saldo negativo, que, a confirmar-se, será o quarto mês consecutivo de quedas - a pior série desde 2023. A desvalorização dos preços reflete um aumento considerável da produção, com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+) a voltar a abrir as torneiras, e um crescimento dos "stocks" desta matéria-prima a nível global.
Fed e tecnológicas dão força às praças asiáticas. Europa aponta para o vermelho
As principais praças asiáticas aceleraram pelo segundo dia consecutivo com o setor tecnológico a liderar os ganhos, numa altura em que os investidores mostram-se bastante mais otimistas em torno de um possível corte nas taxas de juro na reunião de dezembro da Reserva Federal (Fed) norte-americana. Pela Europa, a negociação de futuros aponta para uma abertura no vermelho, com o Euro Stoxx 50 a perder 0,2%.
O MSCI Asia-Pacific, "benchmark" para as ações asiáticas excluindo o Japão, valorizou 0,42%, tendo chegado a acelerar quase 1%, recuperando parcialmente das quedas substanciais da semana passada, quando perdeu cerca de 4% do seu valor. Apesar das movimentações dos últimos dois dias, o índice prepara-se para fechar novembro - um mês de grande turbulência nos mercados - com um saldo negativo.
Os mercados veem agora uma probabilidade superior a 85% da Fed avançar com um novo alívio de 25 pontos-base nos juros diretores no próximo encontro - um aumento considerável face aos 45% do arranque da semana passada. A reviravolta acontece depois de uma série de membros do banco central terem demonstrado o seu apoio a uma flexibilização monetária, uma lista que inclui o presidente da Fed de Nova Iorque, John C. Williams, e o membro do conselho de governadores Cristopher Waller.
"Acreditamos que a Fed irá reduzir as taxas em dezembro e, em seguida, fazer uma pausa de cinco a seis meses antes de considerar mais três cortes no próximo ano, provavelmente no segundo semestre", explica Jack Siu, diretor de gestão de carteiras da Lombard Odier, à Reuters. O analista antecipa ainda que o Banco Central Europeu (BCE) não deve mexer mais na política monetária.
Nos resultados por praças, o japonês Nikkei 225 encerrou a sessão com ganhos bastante modestos de 0,07%, apesar de até ter arrancado a sessão em força. O mercado nipónico esteve encerrado na segunda-feira devido a um feriado e falhou uma recuperação geral das praças asiáticas, depois de ter desvalorizado cerca de 3,5% na semana passada.
Já na China, e depois de ter acelerado mais de 1,8% na sessão anterior, o Hang Seng, de Hong Kong, pulou 0,47%, enquanto o Shanghai Composite ganhou 0,87%. Na segunda-feira, Donald Trump, presidente dos EUA, afirmou que iria visitar o país em abril - uma viagem que está a ser vista pelos analistas como um avanço nas relações diplomáticas e comerciais entre as duas maiores economias do mundo, após já terem conseguido alcançar uma nova trégua comercial em outubro.
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