Sem alteração das linhas de obrigações, juros portugueses estariam a descer
As taxas de juro da dívida soberana portuguesa estão em forte alta esta quinta-feira, 21 de Janeiro. Desempenhos registados nas obrigações do Tesouro (OT) a 10 anos, mas também em títulos com maturidades inferiores. A justificar estas subidas estão as alterações nas linhas que são consideradas de referência. Sem esse efeito, as taxas de juro até estariam em queda.
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A "yield" das obrigações a 10 anos avança 15,7 pontos base para 3,083% nesta sessão. Já as taxas de juro a três e quatro anos estão a disparar, respectivamente, 48,7 pontos para 0,853% e 48,8 pontos para 1,343%. Numa sessão em que os juros de Espanha e Itália estão a recuar, estas fortes subidas são explicadas pela mudança nas linhas de referência no mercado secundário.
Isto porque, há uma semana, a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) realizou uma emissão sindicada de dívida a 10 anos. Esta operação teve por base o lançamento de uma nova linha de obrigações nesta maturidade, sendo que os títulos apenas começaram a negociar no mercado esta quinta-feira. Uma estreia que levou o Tesouro a reajustar algumas das linhas de referência noutras maturidades.
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Isso mesmo aconteceu com a anterior linha de referência a 10 anos. Esta continua a ser um indicador da dívida portuguesa, mas desta feita para a maturidade a nove anos. Uma vez que está a negociar nos 2,869%, se esta ainda fosse a linha de referência a 10 anos, a taxa de juro estaria a cair 5,7 pontos, face aos 2,926% do fecho de quarta-feira.
Um forte impacto está também a ser registado nas referências a cinco, quatro, três e dois anos. Estas passaram também a ter por base outras linhas de obrigações, o que aumentou automaticamente a taxa de juro. Segundo os cálculos do IGCP, o impacto destas alterações nos títulos a cinco anos, por exemplo, foi de 33 pontos base. Assim, excluído este efeito, a taxa de juro não estaria a subir 31,1 pontos para 1,674%, mas sim a cair 1,9 pontos para 1,344%.
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Mais significativo é o impacto apontado pelo IGCP nas linhas a três e quatro anos, já que ascendem, respectivamente, a 49 e 51 pontos base. No mesmo sentido, se o Tesouro não tivesse realizado a alteração – que considera necessária para "evitar desvios significativos da maturidade de cada linha de obrigações com o prazo para o qual serve de referência" –, a taxa de juro nestas maturidades estaria a recuar, respectivamente, 0,3 pontos para 0,363% e 2,2 pontos para 0,833%.
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