S&P mais otimista para banca portuguesa. Sobe "rating" do BCP e "outlook" do Santander

A agência de "rating" reviu em alta a tendência de risco económico da banca portuguesa de "estável" para "positiva", subiu o "rating" do BCP - que saiu do "lixo" -, assim como o "outlook" do Santander Totta.
S & P global S&P
Brendan McDermid
Fábio Carvalho da Silva 12 de Setembro de 2023 às 10:00

A S&P Global Ratings está otimista relativamente à banca portuguesa. Pouco tempo depois de a agência de notação financeira ter revisto em alta o "outlook" da dívida soberana, aponta agora para que a instituições financeiras "continuem a registar um forte desempenho operacional e a preservar a melhoria da qualidade dos ativos e da capitalização", segundo a nota a que o Negócios teve acesso.

Para tal, a S&P não esquece que a banca beneficia da "desalavancagem do setor privado num ambiente macroeconómico resiliente". 

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"A atual desalavancagem do setor privado português contribui para atenuar os riscos económicos para os bancos", começa por explicar a agência de notação financeira.

Isto porque "as taxas de juro elevadas e a contenção global das necessidades de financiamento do setor privado irão provavelmente ter como resultado uma menor procura do crédito, o que apoiará uma nova redução do endividamento", acrescenta a S&P.

Assim, "o endividamento comparativamente baixo das famílias portuguesas [face a outros países, ao contrário do que acontece com as empresas] deverá apoiar um desempenho mais resiliente da qualidade dos ativos dos bancos".

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Além disso, apesar de os analistas anteciparem um aumento do rácio do crédito problemático ao longo deste e do próximo ano, devendo atingir um pico entre 5,2% e 5,8% em 2024, a S&P acredita que a "erosão dos ativos deverá ser contida" e que os bancos terão capacidade para a gerir.

Perante estas estimativas, a agência de notação financeira norte-americana reviu em alta a tendência de risco económico da banca portuguesa de "estável" para "positiva".

A agência de "rating" considera ainda que "a atual desvalorização de curta duração dos preços no mercado [imobiliário] este ano [esperada pela S&P] deverá ter um efeito limitado na qualidade dos ativos dos bancos".

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Por fim, a S&P fundamenta esta revisão em alta da tendência para a banca nacional com o facto de acreditar que "a rendibilidade dos bancos continuará a melhorar", beneficiando da subida das taxas de juro nos próximos 12 meses, "ainda que o controlo da reavaliação do preço dos depósitos possa revelar-se um desafio, sobretudo em 2024", acrescenta. 

A agência de notação financeira está otimista e diz que todos estes fatores podem levar a uma revisão positiva do "score" do risco económico de seis para cinco, o que significaria que o perfil dos clientes dos bancos seria mais "saudável", algo positivo para as instituições financeiras. 

BCP sai do "lixo" e "outlook" do Santander melhora

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Além de uma avaliação macro da banca nacional, a S&P olha em particular para duas instituições financeiras: o BCP e o Santander Totta.

No caso do banco liderado por Miguel Maya, a agência de notação financeira subiu o "rating" da dívida de longo prazo, de BB+ para BBB-, saindo assim do chamado "lixo" (investimento especulativo) e entrando na categoria de  investimento de qualidade. O "outlook" mantém-se "estável".

Para a S&P, esta revisão em alta da notação financeira do BCP reflete o facto de "a solvabilidade do banco ter melhorado gradualmente, quer em termos absolutos, quer face aos pares", devido a "medidas extraordinárias e à geração interna de capital".

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"Esperamos que a sólida geração de capital interno seja impulsionada pela melhoria da rentabilidade," acrescenta a agência de "rating".

Por outro lado, a S&P não esquece os riscos decorrentes "das operações polacas do grupo", os quais deverão, na ótica da agência de notação financeira, continuar a ser "um obstáculo aos lucros em 2023 e 2024".

Isto porque além dos constrangimentos financeiros impostos pela esperada constituição de provisões em 700 milhões de euros, com custas relativas ao caso dos francos suíços, "também temos em conta a possibilidade de o governo polaco prorrogar as moratórias de crédito aplicadas no ano passado", refere.

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Já o "outlook" assenta na expectativa "de que o BCP reforce ainda mais a sua rentabilidade interna, mantendo uma eficiência melhor do que os seus pares e que consiga conter a deterioração da qualidade dos ativos".

Ainda no que diz respeito ao BCP, a S&P alerta que pode cortar o "rating" se os custos na Polónia forem superiores ao esperado, mas que também o pode subir se as contas no futuro assim o justificarem. Também a notação financeira de Portugal e a classificação do risco económico nacional podem influenciar estas mexidas.

Já no caso do Santander Totta, a agência mexeu no "outlook" que passou de "estável" para "positivo", mantendo o "rating" da dívida de longo prazo em BBB+.

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Esta revisão do "outlook" do Santander Totta ocorre depois de a S&P ter também revisto em alta as perspetivas para Portugal, já que a notação financeira da dívida soberana a longo prazo continua a influenciar a classificação do banco, devido "à elevada concentração da atividade do banco no mercado nacional".

"Embora consideremos o Totta uma subsidiária estrategicamente importante do Banco Santander S.A., não acreditamos que a empresa-mãe esteja disposta e capaz a apoiar a sua subsidiária durante [um cenário] de stress associado a um incumprimento" de Portugal, justifica a agência de "rating".

 

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Olhando para o futuro, os analistas esperam que o Santander Totta "mantenha um ‘franchise’ sólido em Portugal e uma eficiência e rentabilidade mais fortes do que os pares, com o rácio custo-rendimento a oscilar entre 35% e 40% e o retorno sobre o capital próprio próximo de 20%.

(Notícia atualizada às 11:27 horas).

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