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S&P sobe "rating" de Portugal para clube do A

A agência de notação financeira elevou em um nível a classificação da dívida soberana portuguesa, que está agora igual à da Moody’s e Fitch. Mas enquanto as restantes agências têm uma perspetiva 'estável' para a evolução da qualidade da dívida de longo prazo, a Standard & Poor's reiterou o seu "outlook" 'positivo', sinalizando assim que pode decidir em breve uma nova melhoria do "rating".

S & P global S&P
S & P global S&P Brendan McDermid
01 de Março de 2024 às 21:04

A Standard & Poor’s subiu a notação da dívida soberana de Portugal em um nível, para A-, o que corresponde ao sétimo nível da categoria de investimento de qualidade.

Depois de, em setembro passado, ter mantido a dívida de longo prazo da República em BBB+ (antepenúltimo grau da categoria de investimento de qualidade –ou seja, três níveis acima de "lixo") e de ter melhorado o "outlook" (perspetiva para a evolução da qualidade da dívida) de ‘estável’ para ‘positivo’, a agência decidiu-se hoje por este "upgrade".

A S&P é, pois, a última das quatro grandes agências a colocar Portugal no restrito clube do A. Assim, a classificação de Portugal pela S&P está agora no sétimo nível de boa qualidade, ficando equiparada à que é atribuída pela Moody’s e pela Fitch. A DBRS é a que dá melhor nota (sexto nível).

Os analistas contactados pelo Negócios já esperavam que a agência pudesse melhorar a nota de Portugal, apesar das eleições legislativas marcadas para 10 de março – dado que as possíveis soluções governativas não deverão desviar-se do caminho da responsabilidade orçamental.

A agência decidiu também, esta noite, manter o "outlook" positivo, o que significa que em breve - num período até 24 meses - poderá voltar a elevar a notação da República. As restantes três agências têm perspetivas "estáveis" para a evolução da qualidade da dívida portuguesa.

No seu relatório divulgado esta noite, a Standard & Poor’s sublinha que "o profundo desendividamento de Portugal está a alimentar uma significativa e contínua melhoria no posicionamento financeiro externo do país e a aliviar os riscos externos de liquidez".

"Parte da desalavancagem decorre da rápida redução do rácio da dívida pública face ao PIB, sustentada por uma robusta performance orçamental", destaca a agência.

A S&P diz também acreditar que, após as eleições legislativas deste mês, "o próximo governo continue a exercer uma disciplina orçamental e a focar-se em executar os fundos europeus NextGen".

Já o "outlook" ‘positivo reflete a visão da agência de que "o posicionamento externo do país e a situação da dívida pública poderão melhorar ainda mais".

"Poderemos subir o ‘rating’ nos próximos 24 meses se o posicionamento externo de Portugal continuar a progredir, em resultado de excedentes das contas correntes e de mais melhorias no balanço externo da economia, ou se a dívida pública mantiver a trajetória descendente num conexto de forte desempenho orçamental", diz a agência.

Num cenário adverso, a S&P refere que poderá rever o "outlook" para ‘estável’ se houver uma inversão da atual trajetória descendente da dívida externa e pública, por exemplo através de uma deterioração do desempenho orçamental ou das contas correntes".

O relatório da agência destaca ainda a robustez do mercado laboral. "O emprego tem aumentado continuamente no pós-pandemia, para níveis historicamente altos, e antevemos que assim continue, embora de forma mais lenta – atendendo à desaceleração económica esperada para este ano", diz.

"Estimamos que a taxa de desemprego aumente ligeiramente, em média, este ano, para 6,7% - próximo da média da Zona Euro. Continua a haver alguma escassez de mão de obra, especialmente no setor do turismo, mas as medidas do governo para atrair migração de países lusófonos deverá ajudar a aliviar alguma pressão", considera a S&P.

A agência projeta que o crescimento do PIB desacelere este ano, passando de 2,3% em 2023 para 1,4% em 2024. "A partir de 2024, antevemos que o crescimento económico retome ligeiramente, mas que se mantenha abaixo de 2%", aponta ainda.

"As condições apertadas de financiamento continuarão a travar o consumo privado e o investimento das empresas, uma tendência apenas parcialmente contrariada pelo impulso dos rendimentos reais decorrente do recuo da inflação e das medidas de apoio do governo", salienta o relatório.

(notícia atualizada às 22:35)

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