Governador do Banco da Finlândia defende descidas de juros mais acentuadas
Em declarações à margem da reunião do FMI, Olli Rehn não excluíu cortes mais acentuados das taxas diretoras e explicou que há poucos bons argumentos para fazer uma pausa. Aplaudiu ainda os esforços de Bruxelas para aliviar as tensões comerciais com os EUA.
O Banco Central Europeu (BCE) terá provavelmente de baixar mais as taxas de juro e não deverá excluir uma redução maior. O alerta é deixado por Olli Rehn, membro do Conselho do BCE e governador do banco central da Finlândia.
Embora a "incerteza generalizada" decorrente do cenário geopolítico e das barreiras ao comércio exija que os funcionários do decisor de política monetária da Zona Euro mantenham uma mente aberta sobre os próximos passos, Rehn alertou para o facto de as condições de financiamento se terem tornado mais rigorosas nos últimos tempos e de os riscos para o crescimento económico começarem a ser tangíveis.
"É muito importante que mantenhamos total liberdade de ação, o que implica que não definamos determinados limites em função de uma taxa neutra presumida e que também não excluamos 'a priori' uma determinada dimensão de corte de taxas", afirmou o membro do BCE, citado pela Bloomberg, em declarações à margem das reuniões de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI), realizadas em Washington. "Este é um momento para uma política monetária ágil e ativa", sublinhou o governador do banco central finlandês.
Até à data, as sete descidas das taxas diretoras aplicadas pelo BCE foram todas de um quarto de ponto - sendo que a taxa de referência se situa agora nos 2,25%.
O mercado aumentou ligeiramente as apostas em relação a novas reduções das taxas, após as observações de Rehn, fixando em 92% a probabilidade de uma redução de um quarto de ponto na próxima reunião do decisor de política monetária - que terá lugar em junho -, segundo dados da Bloomberg.
"Se, em junho, a inflação cair abaixo do nosso objetivo de 2% a médio prazo, a reação correta será reduzir ainda mais as taxas", explicou Rehn. O antigo comissário europeu da Economia acrescentou que, mesmo se o caso não for esse, há poucos bons argumentos para fazer uma pausa no corte das taxas de juros.
"Temos também de analisar as perspetivas de crescimento e as condições financeiras", devido à turbulência causada pelo impasse comercial entre Pequim e Washington e o resto do mundo, ao mesmo tempo que os riscos identificados em março como parte das projeções económicas do BCE "se concretizaram em grande medida", alertou o membro do BCE.
Apesar de um corte maior, de 50 pontos-base, poder ser considerado, este depende, segundo Rehn, "das perspetivas de inflação a médio prazo e de quão piores ou melhores serão as perspetivas de crescimento".
O antigo comissário europeu para a economia aplaudiu ainda os esforços de Bruxelas para aliviar as tensões comerciais com os EUA, propondo um acordo de tarifas zero por zero. "Isso reforçará a posição negocial da Europa e ajudará a alcançar uma solução negociada, que será benéfica para todas as partes", conclui.
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